MISTY FEST 2018 | TEATRO SÃO LUIZ

Na sua 9ª edição o Misty Fest estende-se ao São Luiz Teatro Municipal.

FRANCISCO SALES

Licenciado em jazz pela Escola Superior de Música de Lisboa,Francisco Sales trabalha de modo virtuoso a sonoridade da guitarra, acústica e eléctrica, criando paisagens sonoras de grande beleza inspirada nas suas múltiplas viagens pelo mundo.
Residente em Londres desde 2013, Francisco Sales teve aí a sorte de encontrar um padrinho de peso – Jean-Paul Maunick aliás Bluey, líder dos célebres Incognito. Bluey apadrinhou o seu primeiro álbum, “Valediction”, que apresentou no Blue Note de Tóquio antes de o convidar para fazer parte da formação de palco dos Incognito.
Já em 2016 acompanhou nomes grandes da música como Chaka Khan,Omar ou Natalie Williams. E lança “Miles Away”, resultado das viagens dos últimos anos, composto por temas escritos “em casa, mas inspirados pelas viagens que fiz a países, cidades, lugares que nunca tinha visitado. E só quando voltas a casa percebes o inspirador que foi. A casa está igual – mas tu voltaste mais rico.”
“Miles Away” é o modo de Francisco Sales partilhar connosco essa riqueza.

BEATRIZ NUNES

Canto Primeiro é título do álbum de estreia, mas não traduz verdade porque Beatriz Nunes, 30 anos, tem um percurso já vasto, feito de estudo e entrega, de experiências intensas – do Conservatório a digressões internacionais com Madredeus ao lado de Pedro Ayres Magalhães eCarlos Maria Trindade -, de exploração de múltiplas vertentes – da música popular e do jazz, à erudição do canto lírico – de devolução dos conhecimentos adquiridos através do ensino – dá aulas na Escola de Jazzdo barreiro e na Escola Profissional Ofício das Artes em Montemor-o-Novo.
Isso ajuda a explicar que em 2018 tenha sido escolhida pela European Jazz Network para a conferência On The Edge que terá lugar em Lisboano próximo mês de Setembro. Entre centenas de candidaturas, a proposta de Beatriz Nunes foi eleita em primeiro lugar para figurar no primeiro lugar da conferência: “Beatriz Nunes tem feito um percurso entre a música clássica e o jazz”, escreve-se no programa oficial. Verdade: Beatriz Nunesprocura os mais elevados espaços para a sua voz e em Canto Primeiroexpõe alma e técnica apurada em reportório próprio e até num pequeno tesouro de um grande José Afonso, como quem reclama um lugar numa historia que ainda continua a ser escrita. Por vozes como a sua…

CHASSOL

Pianista, compositor, arranjador e diretor musical de nomes como Phoenixou Sebastien Tellier, o carismático e talentoso Christophe Chassolassinou uma peça artística que desafia as classificações. As suas composições articulam vozes, música, sons e imagens em novos objectos audiovisuais. O resultado tem um nome: “ultrascore”.
Tanto discípulo da escola minimalista de Steve Reich ou John Adamscomo entusiasta da cultura pop, este parisiense gosta de afastar dos caminhos mais percorridos, tal como se percebe olhando para a sua carreira.
Aceitou encomendas de museus de arte contemporânea, assinou peças para filmes e depois começou a criar os seus próprios filmes, como Nola Chérie ou Indiamore. Oportunidades para trabalhar matérias tão distintas como as marchas da cidade berço do jazz ou as luxuosas orquestrações indianas para cinema.
Big Sun foi o seu projeto seguinte, uma investigação das Índias Ocidentais: “Fui à Martinica capturar elementos da identidade musical da ilha, filmei carnavais, paradas, bandas, procissões e desfiles militares, linguagem, crioulo, sotaques, ambientes noturnos, o som da chuva, pássaros a cantarem, os sistemas de som, as comunidades rastafári, músicos e cantores, percussão, missas e contadores de histórias, concertos de mar e de ondas”.
Artista completo? Com certeza. E a descobrir urgentemente agora que apresenta ao mundo os seus Ultrascores II.

ANDREA MOTIS

Andrea Motis, um dos mais excitantes nomes do jazz espanhol da atualidade vem ao Misty Fest pela primeira vez!
Apesar da sua tenra idade – a trompetista e cantora de Barcelona soma apenas 23 anos – ela já conta com um álbum em nome próprio na prestigiada etiqueta Impulse! – Emotional Dance de 2017- e variadíssimas colaborações com o seu mentor, o baixista Joan Chamorro.
Comparada tanto a Billlie Holiday como a Norah Jones, Andrea Motisrevela uma voz alto, com fraseado sucinto, mas imaginativo. John Fordham escreveu no Guardian que Motis tem aparência de grande estrela desde a adolescência e descreve o resultado final como “uma sessão que nos prende”. Será igualmente assim em palco, num concerto em que a jovem Andrea Motis poderá mostrar que o talento e a capacidade de encantar não precisa do peso dos anos para se manifestar.

EGBERTO GISMONTI | Concertos em Portugal

Quando se estreou ao vivo em Nova Iorque, para actuar ao lado de Naná Vasconcelos na primeira parte de um concerto de John Fahey, outro mestre da guitarra desaparecido em 1978, Egberto Gismonti recolheu rasgados e plenamente justificados elogios do New York Times. O prestigiado jornalista Robert Palmer explicava então que a música de Gismonti “desafiava a categorização”.

Hoje, 40 anos depois, o músico que então apresentava o extraordinário Dança das Cabeças (edição de 1977 da ECM) continua a ser um inquieto explorador das possibilidades universais da música, recusando-se a reconhecer fronteiras entre linguagens, eras, continentes. Até entre instrumentos, tratando a guitarra e o piano, entre outros, da mesma maneira, com a mesma intensidade e criatividade.

Ao vivo e a solo na Casa da Música, no Porto e no Casino Estoril, Egberto Gismonti oferece ao seu fiel público a rara oportunidade de assistir a um recital íntimo que recorre a uma carreira que se estende por cinco décadas e que se manifesta em dezenas de trabalhos originais e de importantes colaborações, uma carreira que foi bastas vezes distinguida com os mais exclusivos prémios e que nunca abandonou o terreno da invenção.

Sempre preocupado em expandir as suas possibilidades como músico, Egberto Gismonti desenhou novos e fabulosos instrumentos, porque a única maneira de executar a música que imaginava era, precisamente, traduzindo os objectos desse pensamento para a realidade. Tudo isto ganhará vida em palco neste seu especial regresso a Portugal

HARLEM GOSPEL CHOIR – Regressam a Portugal

Pelo décimo ano consecutivo, o Harlem Gospel Choir troca Nova Iorquepor Portugal para nos oferecer um Natal diferente, igualmente espiritual, festivo e capaz de unir toda a família em torno de algumas das mais celebradas canções do mundo.
O Harlem Gospel Choir, talvez o mais famoso grupo de gospel do mundo neste momento, já trouxe a Portugal espetáculos de homenagem a gigantes da música como Michael Jackson, Stevie Wonder ou Whitney Houston, Adele ou Beyoncé, compositores e interpretes de méritos mais do que reconhecidos que nas experientes vozes deste grupo se tornam também autores de hinos universais capazes de capturar o espírito de uma época muito especial.
Desta vez, o Harlem Gospel Choir propõe ao seu fiel público e a quem os queira agora descobrir uma viagem pelos maiores êxitos da sua muito celebrada carreira.
Este grupo, que já cantou ao lado de ou para gente tão importante comoNelson Mandela, o papa João Paulo II, Paul McCartney, Diana Ross, U2ou Gorilaaz, entre tantos outros, tem quase três décadas de história, percurso relevante que lhes permitiu colecionar muitos sucessos que agora se traduzem num envolvente espetáculo, capaz de elevar os espíritos e de inundar de paz qualquer plateia.
O convite é para uma celebração muito especial e dirige-se a toda a família. A banda sonora, essa será de luxo e entregue com o inimitável estilo doHarlem Gospel Choir

ANNA VON HAUSSWOLFF CONFIRMADA NA 9ª EDIÇÃO DO MISTY FEST

Pode argumentar-se que os tons noturnos da música de Anna von Hausswolff são condizentes com um presente que, pelo menos do ponto de vista dos grandes media, não é o mais animador com conflitos em vários pontos do mundo e ameaças globais de vária ordem a imporem ao mundo o peso de uma sombria realidade.
Dead Magic, o mais recente e aclamado trabalho da artista sueca, nascida em Gotemburgo, tem carimbo editorial da prestigiada etiqueta City Slange conta com produção de Randall Dunn, colaborador habitual dos mais notórios embaixadores do chamado drone metal, os aclamados Sun0))). Apoiando-se sobretudo nas texturas solenes e algo fúnebres do orgão, instrumento cuja sonoridade tanto o tornou em essencial recurso para os compositores que assinaram requiems como para os autores de bandas sonoras que escreveram peças para filmes de terror, Anna von Hausswolff conta ainda com a sua voz de soprano, que já lhe valeu comparações a Kate Bush, como uma das mais distintivas marcas da sua arte.
Com canções longas e profundas, Anna von Hausswolff parece explorar, em disco como em palco, os mais obscuros recantos da alma humana. O britânico The Guardian descreveu o mais recente trabalho de von Hausswolff como o mais negro e profundo da sua carreira e como “um ópus ambicioso”. Escutá-la ao vivo é uma das mais arrebatadoras experiências que a música contemporânea pode proporcionar.

AVISHAI COHEN TRIO CONFIRMADO NA 9ª EDIÇÃO DO MISTY FEST

 

Avishai Cohen é uma das maiores referências contemporâneas no contrabaixo de jazz. O músico, compositor e vocalista israelita chegou a Nova Iorque – o centro do universo jazz – no arranque dos anos 90 e, enquanto estudava na prestigiada New School for Jazz and Contemporary Music tocou na rua para sobreviver até conseguir entrar no disputado circuito de clubes. A mudança na carreira chegou com um telefonema do grande pianista Chick Corea: em 1996, Cohen foi um dos fundadores do colectivo Origin, liderado por Corea. Foi aliás na etiqueta Stretch, do próprioChick Corea, que Avishai Cohen lançou os seus primeiros quatro registos como líder. Avishai manteve-se nos projectos de Corea até 2003, quando decidiu começar o seu próprio trio e a sua editora, a Razdaz Recordz, operação que já soma praticamente duas dezenas de lançamentos, incluindo vários do própio Avishai Cohen.
From Darkness é o mais recente título na discografia do trio de AvishaiCohen, trabalho apontado como mais um extraordinário capítulo na sua busca pela pureza. Mas em 2017 o artista lançou em nome próprio 1970, trabalho que mereceu igualmente rasgados elogios por parte da imprensa internacional especializada. Não é de espantar por isso mesmo que o The Jerusalem Post descreva Avishai Cohen como “a mais bem sucedida exportação jazz do país”, o que vai ao encontro do que a revista de referência Down Beat refere em relação ao músico: “um visionário jazz de proporções globais”. Já o seu antigo “patrão”, Chick Corea, aponta-o como”um grande compositor” e “um músico de génio”. Marcas de peso que o cantor e contrabaixista carrega consigo para o palco com um trio que o Guardian sublinha ser “fabulosamente realizado”. Em Portugal, Avishai Cohen vai apresentar-se ao lado de Noam David na bateria e Elchin Shirinov no piano, dois sólidos músicos de classe mundial

 

PEDRO JÓIA TRIO CONVIDA RUI REININHO

O Pedro Jóia Trio prepara-se para apresentar um novo espectáculo naCasa da Música: depois dos convites dirigidos a Mariza e Ney Matogrosso, chega agora a vez dos três exímios músicos dividirem o palco com Rui Reininho, o carismático vocalista dos GNR

Pedro Jóia revela que o cantor ficou surpreso com o convite: “expliquei-lhe que fazia todo o sentido tendo em conta o seu percurso, a sua abordagem ao palco, o seu carisma”. O guitarrista e líder do trio clarifica que o convite surge na sequência do trabalho que têm vindo a fazer e que se apoia no trabalho “com cantores com muita personalidade: Ele tem uma assinatura muito forte e eu sempre fui um apreciador da postura e da personalidade artística do Rui e não apenas nos GNR”. Pedro Jóia quer manter o mistério e a surpresa, fazendo jus à personalidade imprevisível de Rui Reininho, mas vai adiantando que nos momentos em que vão partilhar o palco vai haver espaço para o vocalista se estender para lá do reportório que normalmente lhe é mais directamente associado

 

CAROLINA – NOVA ARTISTA UGURU

A UGURU tem o prazer de acrescentar ao seu catálogo de artistas: CAROLINA

o sublime fado português!

É em noites como aquelas em que se apresenta no histórico Clube de Fado, em Alfama, Lisboa, que Carolina verdadeiramente se revela. Nesse contexto, de recorte mais solene, mais noturno, com a iluminação mais baixa a acentuar o natural intimismo da ocasião, rodeada de viola e guitarra, sem amplificação, sem qualquer filtro tecnológico, a sua voz e a sua entrega ecoam de forma extraordinária no cenário de pedras centenárias, arrebatando quem lhe dá atenção, arrancando naturais aplausos dos que se deixam enredar nas palavras que a sua garganta solta, límpidas e profundas, como devem ser sempre as palavras que uma fadista sente e vive.
Com dois registos no activo lançados através da Sony Music – Carolina, produzido por Ricardo Cruz (que tem António Zambujo no seu currículo), foi lançado em 2014, enquanto o mais recente, Encantado, trabalho assinado pelo produtor Diogo Clemente (Carminho), data já de 2017 -, Carolina já deixou muito claro que tem voz, coração, personalidade e cabeça para ir muito longe. Exactamente porque a seriedade que investe na sua arte e a entrega que lhe dá sem quaisquer reservas são, juntamente com o talento, pilares em que se pode e deve sustentar uma longa carreira

 

 

SCOTT MATTHEW É A PRIMEIRA CONFIRMAÇÃO DA 9ª EDIÇÃO DO MISTY FEST

A melhor música regressa às melhores salas do país em 2018

O Misty Fest anuncia a sua 9ª edição – que decorrerá entre 30 de Outubro e 25 de Novembro próximos – com a confirmação do regresso a Portugal deScott Matthew para a apresentação do seu mais recente e mais ambicioso trabalho, Ode To Others.

O Misty Fest de 2018 volta a apostar na melhor música contemporânea nas melhores salas do país, privilegiando apresentações de artistas distinguidos pela qualidade do seu trabalho, alvos de aplausos generalizados da crítica nacional e internacional. A programação do Misty Fest tem garantido, ao longo desta última década, espectáculos memoráveis de artistas internacionais de referência como Cowboy Junkies, Joan as Police Woman, John Grant, Lloyd Cole ou, entre tantos outros, Peter Hook. A melhor música nacional – de Rodrigo Leão aMísia, de Dead Combo a Samuel Úria – também tem merecido particular atenção de um festival que tem percorrido os melhores palcos de cidades como Lisboa e Porto, Coimbra, Portalegre ou Faro com concertos esgotados em salas como o Tivoli BBVAGrande Auditório da Fundação Calouste GulbenkianColiseu dos RecreiosCasa da MúsicaGrande Auditório do CCB ou Convento de São Francisco.
O primeiro anúncio para 2018 é o de Scott Matthew que trará Ode To Others ao Tivoli BBVA, em Lisboa, ao Theatro Circo, em Braga e Casa da Música, no Porto, num novíssimo concerto que tem arrancado os mais veementes elogios da crítica internacional.
Scott Matthew, cantor australiano há duas décadas expatriado em Nova Iorque, descobriu nos últimos anos uma espécie de segunda casa em Portugal, mercê da sua parceria com Rodrigo Leão que além de um par de momentos isolados na discografia do compositor português rendeu ainda o álbum Life is Long, de 2016, e várias e importantes apresentações ao vivo.
Ode to Others é o novo álbum com que Scott Matthew pretende não apenas fincar os pés em 2018, mas também perspectivar o futuro a partir de uma outra atitude de vida e de criação artística: “É o primeiro álbum que escrevo que não se prende com o amor romântico. Apesar de haver um certo ar de romance no disco, não está ligado de forma alguma ao meu amor romântico pessoal. É acerca de pessoas e de lugares que não se relacionam com a minha dor romântica mais imediata”, esclarece o cantor.
No álbum anterior, This Here Defeat, de 2015, eram as pequenas misérias do amor, as grandes dores pessoais, que alimentavam a escrita de Scott Matthew, mas em Ode to Others algo de importante se altera: “Decidi escrever canções sobre outros assuntos. Odes para pessoas que eu amo ou admiro, pessoas até inventadas – e lugares que trago no coração. Isso foi revigorante para mim!”.
Há uma canção para o seu pai, “Where I Come From”, outra para o seu tio, “Cease and Desist”, para o seu parceiro, Michael, “Not Just Another Year”, uma celabração de um aniversário que já não se repetirá já que a relação terminou. E há também os caminhos que foi trilhando, desde a sua Austrália natal – presente na versão de “Flame Trees”, tema original dos australianos Cold Chisel – os passeios de duas décadas pela Grande Maçã em “The Sidewalks of New York” e até há ecos nos poemas das impressões recolhidas ao caminhar pelo lado mais histórico de Santarém, onde Scott se recolheu nalgumas das suas visitas a Portugal.
E há muito mais: a sua sentida homenagem às vítimas do massacre de Orlando, em 2016, membros da comunidade LGBT que foram abatidos a tiro num clube e que inspiraram as comoventes palavras de “The Wish” ou a ideia de que perante uma realidade como a que foi imposta por Donald Trump só a resistência importa, como a que ele canta em “The End of Days”. A dor continua, pois claro, a levantar questões, mas há uma leveza na sua versão do clássico “Do You Really Want to Hurt Me”, tema dos Culture Club que é também símbolo de toda uma geração que cresceu na década de 80.
Com a ajuda de Jurgen Stark, o guitarrista que normalmente o acompanha ao vivo, Ode to Others não explora apenas novo terreno em termos poéticos, também se atreve a reinventar coordenadas em termos musicais que, explica o próprio Scott, troca o minimalismo de registos anteriores por canções que são mais expansivas em termos melódicos e harmónicos.
E, claro, tudo isto tem igualmente tradução em palco, com Scott Matthew e uma banda especial que se divide entre guitarra, teclados, ukelele ou violoncelo a desenharem o espaço perfeito para todas estas histórias, sobre pessoas, lugares e situações carregadas de humanidade, de amor, claro, de sentimentos a que todos se podem ligar. Interprete e compositor de mão cheia, dono de uma voz funda e singular, Scott Matthew entrega-nos esta Ode to Others com o requinte que só os grandes artistas conseguem, mesmo aqueles que se decidem a olhar para fora, em vez de para dentro. Além do novo álbum, o cantor que tem sabido dar voz a clássicos como o já citado “Do You Really Want to Hurt Me” ou “I Wanna Dance With Somebody”, este de Whitney Houston, promete revisitar os principais momentos da sua discografia que se estende já por meia dúzia de álbuns, incluindo Life is Long que assinou em 2016 juntamente com Rodrigo Leão.

Classic Waves

24 de Maio – Peter Broderick – All Together Again | Federico Albanese – By The Deep Sea
Teatro Tivoli BBVA, Lisboa
28 de Junho – Rui Massena | Peter Sandberg
Teatro Tivoli BBVA, Lisboa
Quando a música clássica é também pop isso é CLASSIC WAVES.
Desarrumemos a sala. Mudemos os móveis de lugar. Esqueçamos por um momento as prateleiras onde tentamos arrumar a realidade. Coloquemos os discos de música clássica misturados com os da pop.
Pensamos a música através de prateleiras e classificações. Mas de vez em quando existem momentos em que uma série de músicos nos interpela e desafia a reavaliar aquilo que dávamos como arrumado.
Esta é uma dessas ocasiões históricas. Compositores e músicos como os portugueses Rodrigo Leão e Rui Massena, o americano Peter Broderick, o alemão Hauschka, o italiano Federico Albanese ou o sueco Peter Sandberg põem em causa algumas das nossas certezas.
São da música clássica ou da popular? Tiveram uma aprendizagem clássica ou são autodidactas? A que tipos de públicos se dirigem? Onde os arrumamos? No centro destas questões estará o CLASSIC WAVES – 1º Ciclo de Música Clássica Moderna, com uma série de três concertos duplos, a decorrem no Tivoli em Lisboa, que se estenderá por Abril, Maio e Junho. A 27 de Abril haverá Rodrigo Leão e Hauschka. A 24 de Maio, Peter Broderick e Federico Albanese. E a 28 de Junho, o encerramento, com Rui Massena e Peter Sandberg.
Estes compositores mostram que as concepções da música clássica podem coabitar livremente com as da música popular. Mais: pelo facto de se posicionarem junto às fronteiras desses universos, movimentando-se nas duas direcções, ajudam a derrubar barreiras. Conhecem os dois lados e por isso permitem-se ter uma atitude natural com divisões que não vislumbram. Esse muro, sabem-no, está mais na imaginação, e nas construções sociais, do que na realidade.
O piano é, por norma, o seu instrumento de eleição, com a sensibilidade clássica a ser complementada por uma miríade de influências, da música electrónica, do ambientalismo, do progressivo, da folk ou da pop no sentido mais global. E quando não é a música, é a atitude ou visual que comunica esse desafio de mudar convenções.
 A maioria estudou em conservatórios, mas também os há intuitivos. Tanto compõem para álbuns da sua autoria, como criam bandas-sonoras para cinema, dança, teatro ou instalações de arte. Por norma são novos, mas acabam por seguir uma linhagem já desenvolvida por músicos experimentados, de Michael Nyman a Wim Mertens, passando por Ludovico Einaudi. Para além dos que vamos ter oportunidade de ver em Lisboa nos próximos meses, poderíamos falar de Nils Frahm, Ólafur Arnalds, Douglas Dare, Lubomyr Melnyr, Nico Muhly, Max Ritcher ou Francesco Tristano e muitos outros.
Falamos de uma verdadeira vaga de músicos que se movimenta em territórios híbridos, daí que seja difícil encontrar uma nomenclatura minimamente consensual para os nomear. Neoclássicos, pós-clássicos, clássicos modernos ou clássicos ‘indie’, são apenas algumas dessas denominações que foram sendo arremessadas para o espaço público nos últimos anos, no fim de contas, acabando apenas por reflectir essa dificuldade em os situar de uma forma consensual.
Essa maleabilidade, na forma como se adaptam a diferentes territórios, é perceptível pelo facto de tanto tocarem em auditórios de salas requintadas, como em palcos mais informais que partilham com grupos do universo pop ou rock, numa saudável coabitação.
Dir-se-ia que esse tráfico nos dois sentidos interessa a ambos os campos. Por um lado a música clássica, depois da iconoclastia da primeira metade do século XX, precisa talvez de um novo Boulez ou Stravinsky para agitar as águas, ao mesmo tempo que necessita de seduzir um público mais novo e transversal, no sentido de uma renovação que é necessária, até para acabar com essa ideia de que os concertos de música clássica apenas são vivenciados por nichos.
Por outro lado, do campo da música popular, é importante que a sensibilidade clássica possa constituir uma fonte de inspiração, depois de esgotadas muitas fontes de revitalização, incluindo o jazz. Mas mesmo que assim não fosse, existe a realidade mais premente, e essa diz-nos que as gerações mais novas consomem cada vez mais músicas muito diferenciadas, podendo ouvir de manhã, Gorecki, à tarde o rock alternativo dos The National e à noite o jazz de Coltrane.
A apetência para se relacionarem, e incorporarem, os mais diversos géneros de música, não está apenas do lado de alguns músicos. Existe um público crescente com a mesma atitude. Basta ter algum contacto com festivais de jovens músicos de música clássica para o perceber.
O seu perfil mudou imenso nos últimos anos. Têm uma forma de ouvir e lidar com a música que é transversal, tanto ouvindo Bach ou Vivaldi, como pop ou jazz. E esse mesmo entendimento parecem ter, hoje, as grandes editoras da música clássica, como a Deutsche Grammophon ou a Decca, que convidam músicos das electrónicas para recriarem o seu catálogo ou tentam impulsionar um circuito de novas figuras da música clássica, na qual a juventude dos intérpretes, as novas estratégias de imagem ou os programas ousados propostos, funcionam como factor de atracção junto de públicos emergentes.
É nesse ponto de confluências, onde se incluem diversas músicas e diferentes formas de a experimentar, passíveis de coabitarem em harmonia, que o Classic Waves se posiciona. Estes compositores criam música que é capaz de nos transformar na nossa relação connosco próprios e com aquilo que nos rodeia, através de sons emocionais, intimistas e calorosos. Acreditamos que é possível estabelecer pontes entre territórios, pertencendo a vários deles sem a pressão de termos de optar apenas por um, assumindo essa complexidade, mostrando que a realidade é por vezes mais fascinante do que as muitas prateleiras onde a tentamos arrumar.
Sejam bem vindos, ao CLASSIC WAVES.