O Guitarrista e Compositor, Fernando Cunha, apresenta ao vivo o seu novo CD e Clássicos dos Delfins, banda que fundou nos anos 80.
Em Lisboa estreia-se no Teatro Tivoli tendo como convidados os guitarristas Paulo Pedro Gonçalves (Heróis do Mar), João Cabeleira (Xutos e Pontapés), Tó Trips (Dead Combo), Flak (Radio Macau), João Alves (Peste e Sida) e Mário Delgado.
Fernando Cunha entende A Guitarra A Tocar como um trabalho de reflexão, de olhar para trás para a sua vida, mas também como uma oportunidade para cumprir sonhos – como sejam musicar poemas de Fernando Pessoa, poeta que tanto o inspirou e guiou, ou reunir músicos de que é admirador confesso. Porque é quando a guitarra toca que Fernando Cunha melhor nos diz o que lhe vai na alma e no pensamento.
Trinta anos depois do arranque dos Delfins, vinte anos depois da sua estreia a solo, é com A Guitarra A Tocar que Fernando Cunha dá os seus próximos passos.
“A minha ideia inicial era fazer um disco instrumental que partisse de alguns dos universos mais ambientais do pós-rock e do rock progressivo, de influências de sempre na minha vida como os Talk Talk ou Radiohead e mais recentemente Steve Wilson ou Jonathan Wilson e juntar-lhe um universo especifico dentro de todo o legado dos Delfins”, explica o guitarrista e compositor.
Para este novo trabalho, Fernando Cunha escreveu novo material, mas também pensou em novos arranjos para temas clássicos dos Delfins que já carregavam a sua assinatura e que se encaixavam na perfeição na visão que tinha para A Guitarra A Tocar. Entretanto, alguns dos instrumentais que escreveu começaram a pedir palavras e voz, de forma a, como explica o músico, “complementar assim o sentido desta viagem musical” que procura tocar em diferentes períodos de uma vida rica em experiências que, ainda assim, continua a não abdicar de uma constante procura de novas sonoridades.
Cunha é o primeiro a alertar para o facto de não se ver como vocalista, antes como um “guitarrista que adora cantar”, mas depois de pensar em convites a vozes que pudessem dar expressão às palavras que escutava na sua cabeça, pensou arriscar e assumir ele mesmo esse papel: “muito incentivado por vários amigos e principalmente por considerar que o mais importante para mim na ‘voz’ deste disco é conseguir mostrar a minha forma simples de ‘viver’ a interpretação das letras”. E para Fernando Cunha o que importa é que se percebam as palavras e, mais crucial até, que se sinta na sua garganta o peso dos seus significados mais profundos. E a verdade é que, como parte dos Resistência, a sua voz tem-se feito ouvir na última meia dúzia de anos nalguns dos mais importantes palcos nacionais.
Ao vivo, este A Guitarra A Tocar será apresentado com a “moldura” certa de grandes músicos que são antes de mais nada verdadeiros cúmplices e amigos de Fernando Cunha: o seu “braço direito” João Gomes nas teclas e programações, João Campos nas segundas vozes e voz principal de alguns temas dos Delfins que serão revisitados em palco; David Correia ocupa-se da bateria e coros e Tiago Franco- Guitarra assume o baixo, teclados e coros.
Este concerto será, também, uma homenagem a uma das principais ferramentas culturais do último século: A Guitarra A Tocar, revela Fernando Cunha, é um título que traduz a sua forma principal de expressão e o que acredita ainda ser um instrumento que poderá estar “em vias de extinção” no actual panorama pop. “E é também”, acrescenta, “o titulo de um dos temas do disco, dedicado aos grandes guitarristas do Rock Português, em especial ao Zé Pedro e ao Phil Mendrix”.
“Acredito que este trabalho serve também em parte para dar continuidade às ideias e sonoridades que desenvolvi nos Delfins inspiradas pela contemplação do mar de Cascais, dos ventos da estrada do Guincho e do horizonte mágico do alto da Serra de Sintra, a minha terra de sempre…”, explica o músico.
A importância da obra de Fernando Cunha nos Delfins é inegável. Juntamente com Miguel Ângelo, o guitarrista criou algumas das mais memoráveis canções da nossa música pop, temas como “Baia de Cascais”, “Um Lugar Ao Sol”, “Aquele Inverno”, “Nasce Selvagem”, “Ao Passar um Navio”, “O Outro Lado Existe”, “Se eu Pudesse um dia” ou “No Meu Quarto”. A sua saída do grupo ficou simplesmente a dever-se a um afastamento progressivo do trabalho em parceria de escrita e composição da dupla Miguel Angelo / Fernando Cunha e por nessa altura não se rever na temática das letras e nova direção musical que o grupo pretendia seguir.
Mas, Fernando Cunha é o primeiro a sublinhar o quão importantes foram as experiências acumuladas ao lado de grandes músicos como Miguel Angelo, Rui Fadigas, Luís Sampaio, Jorge Quadros, Dora Fidalgo e Sandra Fidalgo, Castora, Pedro Ayres Magalhães, Carlos Maria Trindade, Nuno Canavarro. Emanuel Ramalho, Enzo, Nicole EItner, Tomás Pimentel, Jorge Reis, Miguel Magic, João Gomes, Rogério Correia, Mário Delgado, João Carlos Magalhães, Carlos Brito, Thomas Zellner, Jonathan Miller, Gary O´toole, Silvestre… “e tantos outros”.
Essa bagagem haveria de o conduzir juntamente com Pedro Ayres Magalhães, Miguel Angelo e Tim à formação do colectivo Resistência projecto em que se mantém um dos principais agitadores até aos dias de hoje, percorrendo o país de norte a sul em concertos que são sempre grandes momentos de celebração do melhor da música nacional.