Em 2020, quando lançou o clipe para o tema “purga” (da autoria de João Pedro Moreira), a artista proclamava a sua filiação em entrevista ao Rimas e Batidas: “Mas acho acima de tudo que há muita liberdade a ser celebrada e muita vontade de escrever diferente na música portuguesa neste momento, que é algo que me inspira bastante. Acho que há cada vez mais vontade de arriscar. Não só no que toca ao fado, mas também à vontade de cantar em português noutros géneros, que me deixa com a sensação de que há uma corrente muito positiva a ganhar força. Acho que os maiores exemplos de novos fados neste momento são o Pedro Mafama e o Conan Osiris”.
Depois de ter também colaborado com Branko em “Sereia”, a artista formou a sua visão de uma música moderna, de temperamento eletrónico, mas com alma portuguesa funda num EP que mereceu os mais rasgados elogios por parte da generalidade da imprensa nacional. No final de 2021, João Mineiro escrevia sobre a sua passagem pelo palco do Tivoli BBVA:
“Há cantoras e cantores que são notáveis intérpretes e que se agigantam recorrendo e homenageando textos poéticos de outras pessoas. Há também quem escreva magníficas canções, brilhando na generosidade com que oferecem as suas palavras à voz e à interpretação dos outros. Rita Vian abraça os dois mundos de forma simétrica e intuitiva, conjugando, delicadamente, o seu lado autoral, poético e íntimo, com uma interpretação sublime na hora do canto e no tempo do encontro com o público”. Depois de ter passado por palcos ainda maiores, em festivais como o ID_No Limits ou Nos Primavera Sound, Rita Vian prossegue na sua tranquila, mas segura caminhada em direção ao futuro, afirmando-se como um dos nossos mais preciosos tesouros do presente.