Francisco Sales

Francisco Sales é um músico que gosto de aventura, o que não é uma característica assim tão comum nos músicos. Autor de dois álbuns aclamados pelos mais fervorosos conhecedores de música, Valediction e Miles Away, Francisco Sales prepara actualmente o seu terceiro registo a solo, projecto que, confessa-nos está a servir para se reencontrar como artista: “Sinto a tentar-me encontrar de novo como artista, mas de uma forma diferente. De certa forma como qualquer grande artista sempre fez. É fácil perceber porque a Joni Mitchell ou o Miles Davis entre tantos outros foram sempre tendo momentos diferentes nas suas carreiras. Simplesmente porque as nossas criações são fruto das nossas vivências. É isso que me atrai na arte”. O espírito de aventura de Francisco Sales levou-o a criar um som próprio, bastante cinemático, com o seu guitarrismo a reter muitas das nuances e lições que aprendeu a estudar jazz, mas a espraiar-se em peças atmosféricas capazes de carregar a imaginação para longe, tal como mestres da estirpe de Ry Cooder ou John Scofield pontualmente fizeram.

O caminho de Francisco Sales levou-o a licenciar-se em jazz, linguagem que descobriu nas jam sessions promovidas pela ESMAE no Porto, levando até ao fim os seus estudos na escola Superior de Música Para Lisboa. E depois de aprender, foi preciso colocar em prática o que os livros e mestres lhe ensinaram:  mal sabendo inglês e com muito pouco dinheiro no bolso abalou para Londres. “Via tantas vezes o canal Mezzo e só sonhava em um dia poder tocar naqueles festivais todos de jazz!”, diz-nos. As suas demandas colocaram-no no caminho de Bluey, líder dos míticos Incognito. Tudo começou quando conheceu João Caetano, percussionista que tocava com a veterana banda de acid jazz, tendo-o ajudado a fazer o seu primeiro disco a solo como cantor. Foi esse trabalho que lhe abriu as portas do estúdio de “Bluey” Maunick. E de repente, tocar com Incognito em vários locais do mundo trouxe-lhe um outro universo de possibilidades. “Com os Incognito não só tocamos muito pelo mundo inteiro como também fazemos de banda de suporte para outros artistas. Já fizemos uma tour com a diva do soul Chaka Khan, outra com o famoso DJ Carl Cox, com gente como Amp Fiddler, Omar…” No fundo, e mesmo que a modéstia não lhe permita dizer mais, Francisco Sales tem tocado com uma certa elite de música sofisticada, gente que tem feito do jazz e da soul, da electrónica e do funk terrenos de inventividade máxima. E, claro, Francisco tem coleccionado todas essas experiências com a avidez de quem quer deixar a sua própria marca.

Voltei para Portugal em 2017 onde vivo desde então. É o país onde me sinto mais inspirado para compor, onde gosto de apreciar a vida e onde me sinto mais seguro e feliz. Hoje em dia continuo a tocar com os Incognito pelo mundo inteiro, mas estou a viver em Portugal”, diz-nos o Francisco, que se mostra centrado e focado em desenhar agora o seu próprio futuro.  “Quando regresso a casa destes concertos todos, tenho sempre trabalhado muito na minha carreira a solo e tenho tentado crescer com ela”. Esse trabalho passa pelo desenvolver da sua visão artística e pelo aprofundar da sua relação com um instrumento que pode soar surpreendente nas mãos certas. Essa surpresa tem sido uma constante quando Francisco Sales se apresenta a solo, mostrando a sua forma particular, aventureira e altamente hipnótica de tocar guitarra. Essa originalidade já lhe valeu, aliás, convites para abrir concertos para gente como Rodrigo leão, Avishai Cohen ou Diana Krall.

Em outubro de 2022, Francisco edita Fogo na Água. Com este novo álbum,  entra numa nova fase da sua carreira. Investiu quatro anos de trabalho e apresenta-se a explorar a sonoridade de diferentes instrumentos – não apenas as guitarras elétrica e acústica, mas também a de 12 cordas ou a icónica guitarra metálica conhecida por dobro – para erguer um muito emocional conjunto de peças que evocam ideias de força, luta e resiliência, navegando igualmente por algumas noções contrastantes já apontadas no título: o fogo e água, a terra e o ar, elementos primordiais que aqui se traduzem em música altamente evocativa e em que a identidade funda portuguesa é explorada – como acontece em “Pulsar da Terra”, por exemplo.

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