A edição internacional do álbum de estreia foi a 17 de janeiro de 2020 pela Glitterbeat Records
Numa noite de fados as vozes mostram-se autênticas: sem amplificação, sem adornos e sem filtros, apenas nervo e talento, alma e paixão. Raul Refree entende bem o que é isso da paixão e como marca as vozes, tendo assinado a produção de Los Angeles, o álbum que colocou o fenómeno internacional Rosalía no mapa. Por isso mesmo, o músico e produtor não teve dúvidas quando ouviu Lina cantar no Clube de Fado, que é uma das mais reputadas casas desta cultura na capital, pouso certo de grandes vozes e viveiro de muitos talentos resguardados por Mário Pacheco, guitarrista que acompanhou os maiores artistas, incluindo a eterna Amália. E foi aí, à meia luz, num momento solene e autêntico, que Raul Refree se apaixonou pela voz de Lina.
A ideia de se juntarem num estúdio foi imediata e pouco depois cruzaram-se ambos numa sala especial, nos arredores da capital. Rodeado de sintetizadores vintage, de Moogs e Arps, de Oberheims e Rolands, mas também com o piano muito perto, Raul emoldurou a voz de Lina em névoa analógica, deixando as guitarras do fado na nossa imaginação, mas retendo toda a força de uma garganta carregada de verdade.
Lina mostrou-se à altura do desafio. Estudante atenta da obra de Amália, escolheu uma série de pérolas do reportório da Diva com o intuito de as usar como base de comunocação. Como se este projecto nascesse de uma busca do assombro, da essência. Já com um percurso dentro do fado muito sólido, mas também com estudos de canto lírico que lhe moldaram a entrega séria que possui, Lina partiu para esta aventura com uma bagagem muito funda, com plena noção do que a sua voz consegue transmitir.
Os arranjos resultaram extraordinários. Refree, que tem uma longa carreira na pop mais desafiante e que como produtor já assinou dezenas de trabalhos, de Sílvia Perez Cruz a El Niño de Elche ou Lee Ranaldo, além da já mencionada Rosalía, é um artista de extraordinária intuição. A curiosidade sobre o fado também o tinha acercado da obra de Amália Rodrigues em que identificou uma força universal tão intensa quanto a que marcava os clássicos de flamenco que bem conhecia. Concordaram ambos imediatamente que deveriam explorar o reportório da eterna fadista, despindo-o dos dogmas instrumentais do fado, mas retendo a sua mais funda alma.
Lina, com voz maturada pelas noites nas casas de fado, pela sua própria devoção por Amália e por todas as grandes vozes que ouviu, sentiu e estudou, é uma artista verdadeiramente especial: soa como se tivesse nascido no meio da história, a ouvir as divas a ecoarem nas vielas da sua imaginação. Soa autêntica e comovente. E por isso conquistou Refree.
Em temas como “Barco Negro” ou “Foi Deus”, “Ave Maria Fadista”, “Medo” ou “Gaivota”, qualquer um deles um monumento maior da memória do fado, Lina mostra-se artista completa, verdadeira e de um talento capaz de nos assombrar a todos. As suas interpretações são sobretudo humanas, emocionantes, preferindo arrancar as palavras ao coração do que moldá-las com a técnica que também estudou. Essa entrega oferece uma outra luz ao fado nos arranjos que Raul Refree lhe preparou. Sem truques ou filtros, mas com arte e com uma abordagem nunca antes tentada vestindo o fado com uma inédita roupagem electrónica que ao invés do o desvirtuar só lhe reforça a condição universal.
O fado é património imaterial da humanidade, uma cultura que ajuda a identificar um país que anda nas bocas do mundo e que tem atraído muitos artistas a Lisboa. Vindos de fora, esses artistas buscam no fado um terreno ainda imaculado, um rasgo de autenticidade num universo musical tantas vezes rendido ao artifício. Foi exactamente isso que trouxe Raul Refree a Lisboa. Essa busca do que é novo e sem tempo do que estremece e que o mundo precisa de ouvir. Mesmo que para tanto seja necessário desafiar as regras. É assim, afinal de contas, que se faz história.
A dupla estreou-se ao vivo em Cartagena no festival La Mar de Músicas perante arrebatados aplausos do público e da crítica com um espetáculo pensado ao pormenor, encenado por António Pires, com luz desenhada para sublinhar todo o drama nele contido. Depois de várias outras apresentações no estrangeiro, o espetáculo foi finalmente apresentado em Portugal em novembro passado no Misty Fest em quatro cidades.
Vídeo
Lina_Raül Refree – Quando eu era pequenina
LINA_ RAÜL REFREE – MEDO
LINA_ RAÜL REFREE – Cuidei Que Tinha Morrido
Imprensa
Transportam Amália a paragens onde ela nunca sonharia chegar»
João Lisboa, Expresso (PT)
“Quando uma fadista se junta a um produtor e músico catalão isso pode resultar numa das mais belas estranhezas a que o fado foi sujeito nos últimos anos”
Gonçalo Frota, Público (PT)
“Simplicidade, ausência de temor, emoção real, honestidade e entrega sem reservas a uma ideia. Não é preciso muito para fazer um grande disco. Neste caso bastou a paixão, a inteligência, o bom gosto e a coragem para fugir ao óbvio e experimentar coisas novas”
Rui Miguel Abreu, Rimas e Batidas (PT)
«Here’s something satisfyingly audacious about Lina_Raül Refree, the debut album from Portuguese singer Lina and Raül Refree (…) The production throughout is minimal to the point of austerity, creating an intimacy that feels like standing with the duo in a darkened room. (…)The singer possesses a voice of fiercely intimate power and texture, capable within one brief musical phrase of tempting a bird to the windowsill and blowing the opera doors clean off (…) Intimate, heartfelt, and solemnly inviting, it’s also a wonderful record» (7,7)
Ben Cardew, Pitchfork (UK)
« Étrangement, ces productions préservent la puissance acoustique du chant, véritable kaléidoscope d’émotions fine. Ni folk, ni pop, ni électro, avant-gardiste mais aucunement radical, l’ensemble constitue un petit bijou de modernité et célèbre magistralement le centenaire de la naissance de la grande Amália (…) Raül Reffree et Lina : un producteur dynamiteur des musiques ibériques et l’incarnation d’un fado traditionnel » (ffff)
Anne Berthold, Télérama (FR)
« Un vibrant duo lusitano-espagnol revisite le fado en beauté »
Jérôme Provençal, Les Inrocks (FR)
«Stripped bare and rebuilt from the foundations up, the congruous and accentuate sonic and voice union of the striking siren simply known as Lina and Raül Refree subtly revive the often sullen and forlorn Portuguese tradition of ‘fado’. »
Dominic Valvona, Monolith Cocktail (uk)
« “Lina_Raül Refree” Delivers a 21st Century Spin on Fado»
Philip Freeman, Bandcamp
«Where the renowned and new fadista stumble over each other for new or better interpretations of the genre, apart from the fact that there really is a lot of beauty in between, Lina and Refree go outside the lines and catch the first prize. »
Jan Willem Broek in subjectivisten.nl (NL)
“For the first time, the Portuguese singer Lina joins forces with contemporary producer Raül Refree to create a new soundscape for these ancient songs, which rather than modernises them unnecessarily, brings a new sense of atmosphere and feel to the ‘Queen of Fado’ Amália Rodrigues’ notable repertoire.” 4/5
Northern Sky
“On their debut, Lina_Raül Refree have managed to bring fado into the 21st century without tainting its traditions.”
Electronic Sound magazine (UK)
“Raül Refree […] rethinks fado with the Portuguese vocalist Lina. Out go the guitars, in come brooding synths and keyboards. It’s an effective intrusion. The contrast between the red-blooded emotion of Lina’s voice and the cool electronic tones on, say, Destino, is hugely effective … Lana Del Rey meets Lisbon…” ****
The Times (UK)
“Lina has a magnificently emotive timbre and great interpretative range …”***
Morning Star (UK)
“Lina’s voice has an irresistible dramatic heft, and combined with the smudgy ambient arrangements, all dark wood and bitter coffee, she and Refree could fill a gap that non-believers might not know they had.” ***
Q Magazine
“This fado 2.0, embedded in dark electronics, sounds mysterious and ominous,
but above all bloodcurdlingly beautiful.” *****
Bas Springer, Lust for Life (NL)
Ficha Técnica
_Vencedores do “Preis der deutschen Schallplattenkritik” – Prémio da critica discográfica alemã (melhor disco de world music do primeiro quarto de 2020)
_ Álbum nomeado para os prémios franceses Les Victoires du Jazz (world music)
_#Top 10 World Music Charts Europe and Transglobal World Music Charts durante 4 meses consecutivos (desde fevereiro 2020)
_O videoclip “Cuidei Que Tinhas Morrido” no One Screen Short Film Festival de Nova Iorque