NOVO DISCO A SER EDITADO PELA GLITTERBEAT E NOVA TOUR EM JANEIRO DE 2026
Este é um projeto que foi forjado pouco a pouco, impulsionado por propostas de festivais e sem a pressa de uma obrigação de gravação.
Quando Raül recebeu um e-mail de Maria Mazzotta para trabalharem juntos, teve de recusar devido à sua agenda preenchida, mas apaixonou-se pela voz dela. Passados alguns anos, numa viagem a Puglia em abril de 2022, aproveitaram a oportunidade para se encontrarem e tocarem juntos. Nesse encontro, Maria ensinou-lhe muitas canções do repertório tradicional do sul de Itália e, enquanto comiam, contou-lhe a história da pizzica taranta e o que ela significava na sociedade do sul de Itália no início do século XX: diziam às mulheres que sofriam de depressão que tinham sido mordidas por uma tarântula e o único antídoto para ultrapassar a tristeza que as possuía era entrar em transe ao ritmo da pizzica, dançando, cantando e gritando de uma forma que na sociedade não era permitida.
Quando o Festival Clássics de Barcelona encomendou a Raül uma peça sobre a metamorfose, pensou imediatamente em resgatar o repertório que Maria lhe tinha ensinado na Apúlia e reinterpretá-lo para explicar como a música pode ser um antídoto e a cura para as dores e que como nos transforma noutras pessoas, em corpos celestes que flutuam no espaço esquecendo os seus corpos físicos. A ideia de Raül era explicar a necessidade de entrar em transe desenhando musicalmente um arco que descrevia perfeitamente a sociedade da época: canções de embalar, cânticos fúnebres, melodias religiosas… até chegar à pizzica e à sua mensagem pagã e selvagem.
Estas histórias do Sul de Itália em que encontraram a libertação no transe musical não estão longe das Bacantes gregas em que as mulheres conquistam um território nas montanhas onde não deixam entrar os homens e comem carne crua, bebem sangue e adoptam a loucura como mecanismo de expressão. Por esta razão, nesta reinterpretação do folclore apuliano, Raül quis incluir um coro de jovens mulheres que cantam de uma forma popular que alarga o carácter libertador e feminino deste repertório.
O álbum parte de instrumentos clássicos da nossa história e da música litúrgica como a voz, o coro, o órgão e a guitarra para construir uma releitura popular e ao mesmo tempo contemporânea que desarma pela sua beleza mas também pela profundidade de uma sonoridade que ora joga com o vazio e o silêncio ora procura o som vanguardista. Uma obra que com pequenos gestos diz muito e que narra em si um arco de histórias que, passando pela religião, pelo trabalho e pelo luto, nos leva à necessidade de cantar como libertação e como reafirmação pessoal e social.
Sobre RAÜL REFREE
RAÜL REFREE é um artista único e um dos produtores europeus mais inovadores da última década. Conhecido pela sua abordagem inovadora à música e pela sua capacidade de transcender as fronteiras tradicionais dos géneros, contribuiu significativamente para a cena musical contemporânea através do seu trabalho com uma gama diversificada de artistas. O estilo de produção de Refree é caracterizado pela sua sensibilidade e pelo seu carácter experimental, misturando frequentemente elementos de flamenco, folk e música eletrónica para criar paisagens sonoras ricas e texturadas. Colaborou com músicos notáveis como Rosalía, Silvia Pérez Cruz, LINA_, Lee Ranaldo, Niño de Elche, Maestro Espada e muitos outros, ajudando a criar álbuns aclamados pela crítica que ultrapassam os limites artísticos. Como artista a solo, Refree continua a explorar novos territórios musicais, mostrando a sua versatilidade e empenho na exploração artística. O seu trabalho não só destaca a sua proeza técnica, mas também a sua profunda compreensão da música como uma forma de expressão e de contar histórias.
Sobre MARIA MAZZOTTA
A versatilidade única de Maria Mazzotta faz dela uma das vozes mais importantes da cena musical da região da Apúlia, em Itália, e, sem dúvida, da música do mundo.
Fez parte do Canzoniere Grecanico Salentino; uma banda com a qual gravou 6 álbuns, participando em alguns dos mais importantes festivais internacionais de world music.
Maria também integrou a Orquestra Notte della Taranta dirigida por M° Ambrogio Sparagna. De 2011 a 2014, foi a voz solista do mesmo festival sob a direção de M° Ludovico Einaudi, M° Goran Bregovic e M° Giovanni Sollima e tem inúmeras colaborações (Ibrahim Maalouf, Justin Adams, Rita Marcotulli, Piers Faccini ou Redi Hasa, para citar alguns).
Detalhes da Digressão
COMITIVA 6 PAX
FORMAÇÃO
Maria Mazzotta (vocals)
Raul Refree (guitarra flamenca e órgão vintage)