
Alan Sparhawk (of Low) integra o cartaz da edição 2023 do Misty Fest. Depois do desaparecimento de Mimi Parker, vítima de doença, em Novembro de 2022, o músico americano regressa à estrada com a sua singular visão musical inalterada.
O guitarrista e cantor já no passado tinha lançado um álbum de guitarra solo e no seu vasto currículo registam-se também colaborações com variadíssimos artistas, prova, por um lado, da sua versatilidade e, por outro, do respeito que sempre recebeu por parte dos seus pares. E Alan Sparhawk (of Low) assinou essas participações em discos de gente tão diversa quanto Ben Watt (Everything But The Girl) ou os Swans, para dar apenas um par de exemplos. Agora, em 2023, o artista de Duluth, no Minnesota, apresenta em Portugal um novo capítulo na sua vida e carreira, mantendo a mesma mística que sempre diferenciou a sua banda que mereceu durante toda a sua existência os mais rasgados elogios por parte da crítica especializada.

Ezra Furman é uma artista singular que começou por se revelar como líder dos Harpoons e que depois se lançou numa frutífera carreira a solo com o álbum de 2012 The Year of No returning, coleccionando desde então efusivos aplausos da crítica especializada e os favores de um público crescente. Um dos pontos altos da sua carreira foi, certamente, a assinatura da banda sonora da aclamada série da Netflix Sex Education, experiência que lhe valeu ainda mais reconhecimento pela sua especial visão da pop.
Explorando temas de identidade, religião – Ezra tem estudado numa universidade hebraica, nos estados Unidos – angústia política, amor ou ansiedade, Furman construi uma reputação de ir ao encontro dos assuntos que afligem e entusiasmam o presente. Ela tornou-se um símbolo para quem sente os efeitos da incompreensão e opressão. Por ter construído essa profunda empatia com o seu público, o Guardian descreveu Ezra como sendo responsável “pelo mais tocante concerto ao vivo que podem ver hoje em dia”.
Para a prestigiada série 33 1/3 da Bloombury Music, que se dedica a publicar livros sobre álbuns clássicos, Ezra assinou o volume dedicado ao clássico Transformer de Lou Reed. Agora, com um novo álbum prestes a ser lançado, Furman demonstrou, em singles como ‘Point Me Toward The Real’ e ‘Book Of Our Names’, produzidos ambos por John Congleton (Angel Olsen, Future Islands, Sharon Van Etten), que continua a ser uma das mais relevantes vozes da cena musical do presente. Imperdível ao vivo, como já se deixou claro.

Tó Trips é, muito simplesmente, um nome incontornável da múltipla cena musical nacional das últimas três ou talvez até quatro décadas. Foi praticante do lado mais feérico do rock nos Lulu Blind e reinventou-se num dos mais originais projetos da música popular portuguesa, os Dead Combo, que dividiu com o saudoso Pedro Gonçalves e com que correu o mundo.
Mais recentemente criou o Club Makumba, mas também soube dispensar companhias para se projetar, em dois discos de solo absoluto, na solidão que se descobre quando ao lado se tem apenas uma guitarra. Mas este espetáculo apanhou-o de um outro ângulo: com António Quintino no contrabaixo e Helena Espvall no violoncelo. Um trio de cordas formado com dois nomes que têm percorrido diferentes terrenos do mais aventureiro jazz e música improvisada que ladeiam Tó Trips na sua busca por uma música altamente evocativa, com espessura dramática, bastante poética e francamente apaixonante. Popular Jaguar é o novo disco onde todo esse mundo se revela. Em palco, a magia resulta ainda mais intensa.