Misty Fest confirma os últimos nomes e fecha cartaz da edição 2024

15ª edição Misty Fest de 1 de novembro a 1 de dezembro

Misty Fest confirma os últimos nomes e fecha cartaz da edição 2024

Sven Helbig, Karl Seglem, Luíz Caracol, Manuel Fúria, Two Lanes e Daudi Matsiko, juntam-se aos nomes já anunciados.

O Misty Fest anuncia os últimos 6 nomes para o cartaz da sua 15.ª edição e a sua programação distribuída pelo mês de novembro e até 1 de dezembro, de norte a sul do país. O festival que promete espetáculos de carácter único nas melhores salas do país, completa assim o cartaz deste ano e volta a surpreender com os estilos propostos, da electrónica ao neoclássico, passando pela pop e o jazz, até às músicas do mundo, incluindo o fado, a folk e o flamenco, entre outros.

Neste lote de confirmações há o regresso a Portugal do norueguês Karl Seglem, o alemão da música moderna internacional Sven Helbig, os berlinenses da música electrónica introspectiva Two Lanes e as apostas em talento nacional com: Luiz Caracol e Manuel Fúria. Juntam-se a estes, a cumprir a primeira parte dos anteriormente anunciados GoGo Penguin, a surpresa do cantor e compositor britânico-ugandês, Daudi Matsiko.

Estas novas confirmações juntam-se aos já anteriormente anunciados Lina_, Salvador Sobral, Christian Löffler, Nancy Vieira, Tony Ann, Nils Hoffmann, Maria João & André Mehmari, Rocío Márquez & Bronquio, Brandee Younger e os GoGo Penguin. Um cartaz diverso que percorre salas de norte a sul do país, entre Porto, Braga, Espinho, Lisboa e Loulé (como a Casa da Música no Porto, Auditório de Espinho, Theatro Circo Braga, São Luiz Teatro Municipal, Centro Cultural de Belém, CineTeatro Capitólio, Musicbox, B.Leza e Village Underground em Lisboa e ainda apresentações em Loulé).

A Eletrónica experimental de Sven Helbig
Sven Helbig é um dos principais compositores da música moderna internacional, com obra publicada em etiquetas de referência como a Deutsche Grammophon. O músico alemão é já presença assídua em Portugal e não poderia deixar de (re)visitar os palcos nacionais com os temas do mais recente trabalho, “Skills”, desta vez no Misty Fest em Lisboa no Teatro Municipal São Luiz, e no Porto na Casa da Música.
Como multi-instrumentista, funde a técnica de composição clássica com música eletrónica subtil e experimental. As suas obras foram já encenadas por artistas de renome como a Fauré Quartett (BBC Singers), o violoncelista Jan Vogler, o maestro Kristjan Järvi ou a pianista Olga Scheps. Entre os agrupamentos de renome que interpretaram a sua música contam-se a Orquestra Contemporânea de Londres, a Filarmónica da BBC e a Orquestra Sinfónica de Berlim. No palco, Helbig já experimentou eletrónica e percussão ao lado de várias formações e é colaborador assíduo dos ícones da pop britânica, Pet Shop Boys, e da banda alemã de metal industrial, Rammstein.

Jazz e folk transglobal de Karl Seglem
Karl Seglem continua a ser um dos mais excitantes e inovadores saxofonistas tenor e compositores contemporâneos da Noruega. Este é o regresso esperado aos palcos do Misty Fest, depois das atuações em 2021. Este ano, apresentará ao vivo os temas do novo disco, “Mytevegar (myth.path.hope)”, com atuações que se dividem entre a Casa da Música no Porto, e o B.Leza em Lisboa.
Homem dos mil e um ofícios – diz-se músico, poeta, compositor, jazzchef, pai, naturaholic – é considerado um “tesouro da música norueguesa”, quer seja pelo inconfundível talento, quer pela profusa criação musical – do seu catálogo constam 40 álbuns editados. Em alguns destes trabalhos o uso de chifres de cabra e outros instrumentos tradicionais – nomeadamente o violino de Hardanger – é magistral e excitantemente misturado com uma abundância considerável de elementos modernos e ecléticos: loops electrónicos, improvisação jazz, traços de world music e características rock.
Seglem é um portentoso tenor saxofonista e não poupa nas colaborações (como aliás aconteceu com a NOPO Orchestra, um ensemble folk contemporâneo universal composto pelo músico e ainda por Rao Kyao e Francisco Sales com o qual se mostraram nos palcos do Misty Fest em 2021).
Muita da sua música aponta para o som do jazz nórdico, mas com as abordagens inconfundíveis a que já nos habituou – fusão de expressões folclóricas numa sonoridade fresca, efusiva e poderosa do jazz experimental.

De Berlim chega-nos a eletrónica introspetiva dos Two Lanes
Poder-se-ia dizer que Two Lanes são, na verdade, uma jovem irmandade criativa de eletrónica melódica que gravita entre o neoclássico, o ambience e o deep house. A música dos irmãos Leo e Rafa leva-nos por batidas minimalistas, acordes de piano acústico e sintetizadores analógicos. No Misty Fest irão apresentar os temas do mais recente álbum, “Duality”, uma viagem sónica introspetiva e imersiva que, ao vivo, torna ainda mais sublime a atmosfera sonora desta dupla berlinense.
Desde o lançamento do EP “Reflections”, o duo germânico continua a expandir a sonoridade por vários géneros, granjeando a atenção das rádios BBC1, Sirius XM, Triple J e acumulando mais de 150 milhões de reproduções nas plataformas streaming. O som evocativo e expansivo de Two Lanes posiciona-os já como uma referência na música eletrónica para os próximos anos.

A Lisboa multicultural de Luiz Caracol ao vivo
A Lisboa multicultural vive no adn artístico de Luiz Caracol. O músico, cantor e autor forjou uma identidade própria que espelha a ligação com a capital onde reside, mas também com as culturas de vários países de língua portuguesa, como o Brasil, Cabo Verde ou Angola.
Entre o Ser e o Partilhar há uma vontade intrínseca de regressar aos palcos com “Sou”, um espetáculo pensado na vivência dos concertos ao vivo. Inspirado no seu mais recente álbum, “Ao vivo no Namouche”, este concerto é o espelho da lusofonia numa linguagem reveladora da riqueza cultural que é, afinal, reflexo na música de Luiz Caracol. Bombos, guitarras braguesas e cavaquinhos convivem com a modernidade e a fusão dos teclados e das guitarras elétricas.
Ao vivo, o músico ensaia uma verdadeira celebração das memórias da portugalidade, das estórias, das raízes culturais que são parte de cada um de nós, ao mesmo tempo que continua a dar voz à vulnerabilidade, à luta por causas como a igualdade, a consciencialização social e ambiental. A tal voz da luta que é constante no corpo musical deste multi-instrumentalista. Esta é, afinal, a musicalidade que nos transporta para outras paragens repletas de frutos maduros, com sabor a multiculturalidade feita de tantas cores, de tantas sonoridades, de tantas heranças.
A música de Luiz Caracol é – e será sempre – mulata e mestiça, que parte de Lisboa para outros mundos. Porque ser português é fazer parte deste caldo de culturas que nos alimenta, influencia e acrescenta.

O abandono pela libertação, nos palcos do Misty Fest, com Manuel Fúria
A discografia de Manuel Fúria é atravessada pel’Os Golpes, continuou com os Náufragos. Depois de “Viva Fúria”, o músico e compositor opta por um período de ausência dos palcos, de apagamento do ser social e digital. Foi pai e nesse percurso existiram perdas e ganhos.
Para trás deixou marca enquanto agitador e produtor independente na editora Amor Fúria, cuja atividade se cruzou tantas vezes com a FlorCaveira. O desalinho criativo surgiu, entretanto, quando decide encostar às margens, após os Náufragos, e lançar o último disco de originais “Os Perdedores” (2022, edição FlorCaveira).  Porque a memória não dá tréguas, gravou um conjunto de dez canções precisamente sobre a perda, isto porque, lembra: “estamos constantemente a perder coisas, as chaves, o cabelo, a carteira, o tempo, a cabeça, amigos, a vaidade…”. E quantas são as vezes em que nos perdemos?
“A Vida é sempre a perder”, ressalta-nos o murmúrio dos Xutos & Pontapés.
“Os Perdedores” cumpriu-se em 2022 no encontro literário – Arquipélago dos Escritores (Açores) enquanto arma narrativa apresentada nessa altura em primeira mão. Este disco traduz em linguagem pop eletrónica a evocação daquelas memórias, daqueles lugares, daquelas pessoas em particular que se perderam. Fica a saudade e a melancolia que também são sabedoria sobre a arte de perder. A maturidade de deixar ir, sem apagar. “Acabou”. E depois acontece “o que o tempo faz melhor”. E, nessa perda, testemunhamos algo que, ironicamente, fica. Em “Os Perdedores”, Fúria posiciona-nos junto aos que estão no “lado errado da história” e que nada têm a perder. Apenas ganham a liberdade de fazer o que bem entendem. É nesta ideia de perda, de esvaziar, de abandonar para libertar que o músico atesta o “caminho de mortificação como único modo de salvação da alma”, com encontro marcado nos palcos do Misty Fest.

Mas as novidades não se ficam pelos novos nomes do cartaz completo do Misty Fest 2024. No leque de propostas anunciadas anteriormente há lugar para mais um anúncio como 1ª parte dos GoGo Penguin, com Daudi Matsiko. O cantor e compositor britânico-ugandês participará no Festival Misty Fest deste ano. Apresentará músicas do seu novo álbum ‘The King of Misery’.