O percurso até ao Misty Fest começou em março, no Espaço Espelho d’ Água, em Lisboa. Grandes artistas apresentam os seus espetáculos em formato mais intimista geralmente no último domingo de cada mês. Depois de Nancy Vieira, emmy Curl e Anna Setton (que se apresentará no próximo dia 29), seguem-se Os Poetas, Tó Trips e Bernardo Lobo. Sempre às 21:00 neste espaço privilegiado em Belém, Lisboa, junto ao Tejo.
Rodrigo Leão e Gabriel Gomes voltam a encontrar-se num palco cheio de poesia: Os Poetas – Entre Nós e as Palavras é um espetáculo onde estes dois veteranos músicos descobrem as melodias que carregam os poemas de algumas das mais importantes vozes da nossa paisagem poética como Mário Cesarinny, Herberto Hélder, Luísa Neto Jorge e Adília Lopes. Gabriel Gomes no acordeão e metalofone, Rodrigo Leão nas teclas e metalofone e o ator Miguel Borges nas declamações congregarão toda a sua experiência em composições originais que interpretam com melodias, harmonias e ritmos todo um universo de palavras com que os nossos poetas foram tentando traduzir o mundo.
O projeto Os Poetas surgiu de encontros entre Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Hermínio Monteiro, então editor da Assírio & Alvim, em cujo espólio existiam gravações de poetas a dizerem os próprios poemas. “Entre Nós e as Palavras”, de 1997, foi o resultado de meses intensos de composição, de uma afinidade com os poetas escolhidos e da amizade cúmplice entre os dois músicos, que se nota muito quando compõem e quando atuam. Com Francisco Ribeiro (ex-Madredeus) e Margarida Araújo nas cordas, o ensemble fez alguns concertos ainda nos anos 90. Em 2013, Os Poetas regressaram com a reedição deste álbum há muito esgotado. Durante o ano de 2012, compuseram novas músicas e reformularam o espetáculo, projetando os textos e chamando o ator Miguel Borges para dizer poemas. Não é este um concerto para eruditos ou específicos leitores e amantes de poesia. Sendo a palavra importantíssima, e ponto de partida para a composição – ela é o comandante deste “Navio de Espelhos”; – a música não é um mero suporte, pois acaba por se fundir com os poemas. À música falada mistura-se a performance, resultando num espetáculo único e encantatório.
O veterano Tó Trips tem uma larga experiência com um percurso que começou no rock, desembocou nos celebrados Dead Combo e que em tempos mais recentes teve também manifestação no Club Makumba. Mas, paralelamente, Trips desenvolveu igualmente uma curiosa e original abordagem à guitarra solo, tendo lançado trabalhos como Guitarra 66 ou Guitarra Makaka. Com um novo álbum nessa pessoal e solitária aventura a caminho, Tó Trips volta a mergulhar de cabeça no mar de notas que arranca à sua guitarra, num concerto exploratório a solo em que mostrará novas e velhas composições sempre evocativas de grandes paisagens e de histórias com tudo dentro, da euforia à melancolia.
Bernardo Lobo é um cantor e compositor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro numa família musical. O pai, Edu Lobo, é um dos tesouros mais celebrados da canção brasileira, e a mãe, Wanda de Sá, igualmente artista, integrou grupos de Sérgio Mendes e Marcos Valle além de ter gravado em nome próprio. Bernardo cresceu imerso nesse circuito musical habituando-se desde muito cedo à presença de alguns dos maiores vultos da cultura do Brasil. E, como diz o ditado bem português, “filho de peixe sabe nadar”. E cantar e tocar violão, claro. Com 25 anos de carreira e sete álbuns lançados – Nada Virtual (2000); Sábado (2006), Sábadovivo (2008), Valentia (2012), C’ALMA (2018), Uma Viola Mais que Enluarada (2019) e Zambujeira (2021), Bernardo prepara agora uma apresentação no Espelho de Água, em Lisboa, a 28 de Agosto. Para esse íntimo encontro a que deu o título “Itinerários”, Bernardo levará canções como “Yara”, originalmente uma parceria com Ivan Lins e Moyses Marques), “Vai e Vem”, que escreveu com Tiago Torres da Silva; ”Menina das Nuvens”, feita com Marcos Valle, ou ainda “Imagem e Semelhança”, uma colaboração com Milton Nascimento, Bernardo vai mostrar ainda músicas de outros artistas que o influenciaram como Caetano Veloso, de quem vai cantar “Força Estranha”, e seu pai, Edu Lobo , de quem interpretará a emblemática “Ponteio”. Sempre com voz e violão, a mais pura forma de mostrar a verdade das canções.