José Peixoto & Nuno Cintrão – carlos paredes

Nova tour em março de 2025

No ano em que se assinala o centenário do nascimento do compositor português Carlos Paredes, os guitarristas e compositores José Peixoto e Nuno Cintrão prestam homenagem ao legado imortal da sua música. Partindo das referências, inspirações e cumplicidades do seu trabalho que desenvolveram no duo Combinatorium, com o qual lançaram o álbum Fragmentos Imaginários (2022), os músicos propõe-se agora a explorar e reinventar o universo sonoro do mestre da guitarra portuguesa.

SOBRE JOSÉ PEIXOTO

José Peixoto é um guitarrista, compositor e produtor de renome de Portugal, celebrado pela sua habilidade excecional e abordagem inovadora à música. Com um passado mergulhado na guitarra clássica, Peixoto criou um nicho para si próprio na cena musical contemporânea, misturando estilos tradicionais portugueses com influências modernas. Com uma vasta discografia, as suas composições reflectem frequentemente uma profunda ressonância emocional, mostrando a sua capacidade de transmitir sentimentos complexos através da melodia e do ritmo. A sua dedicação ao ofício e o seu som distinto continuam a inspirar tanto o público como os aspirantes a músicos. Para além do seu recente e premiado grupo – LST Lisboa String Trio, José Peixoto tem colaborado com uma variedade de artistas notáveis, com destaque para o famoso grupo português Madredeus. O seu trabalho com o grupo foi fundamental na fusão da música tradicional portuguesa com elementos contemporâneos, realçando o som único do grupo. Para além disso, Peixoto fez parceria com a cantora de Jazz de renome internacional Maria João e com José Mário Branco, Janita Salomé, Carlos Zingaro, João Monge, para citar apenas alguns exemplos. Estas colaborações permitiram-lhe explorar diferentes estilos musicais e expandir os seus horizontes artísticos. A capacidade de Peixoto de trabalhar com diversos músicos demonstra a sua versatilidade e o seu empenho em enriquecer o panorama musical português, tornando-o uma figura importante na música contemporânea.

SOBRE NUNO CINTRÃO

Guitarrista, compositor e artista multidisciplinar, Nuno Cintrão é um músico multifacetado que se dedica à experimentação e construção de objetos sonoros, bem como à criação de espetáculos multidisciplinares. Compõe regularmente para dança e teatro, contando com mais de 50 bandas sonoras originais.

Cintrão é conhecido pelas suas atuações dinâmicas e pela sua abordagem inovadora à música, que integra uma fusão única de géneros, incorporando elementos de rock, jazz e sons tradicionais portugueses. Como guitarrista, acompanhou Teresa Salgueiro (ex-Madredeus) na digressão do álbum Horizonte e formou o duo Combinatorium com o guitarrista José Peixoto, com quem lançou o álbum Fragmentos Imaginários (2023). Tem marcado presença assídua na programação cultural de teatros, auditórios e serviços educativos por todo o país (Fundação Calouste Gulbenkian, CCB, entre outros), tanto no continente quanto nas ilhas, além de ter tido frequentes oportunidades de apresentar os seus projetos em palcos e festivais internacionais de renome, em países como Bélgica, Hungria, Alemanha, Itália, Espanha, Brasil, Macau e Cabo Verde.

 

João Pedro Pais – tour 2025/26

João Pedro Pais é conhecido por transformar o palco na sua casa e encantar o público com a sua música cativante e performances energéticas. Com uma carreira de mais de 25 anos, centenas de concertos, e cerca de 450 mil discos vendidos é um dos artistas mais queridos pelo público e está de regresso ao Casino do Estoril para um grande espetáculo.

O seu primeiro álbum, “Segredos”, lançado a 4 de novembro de 1997, foi precedido pelos sucessos “Ninguém é de Ninguém” e “Louco por Ti”, que ainda hoje são tocados nos seus concertos e cantados em uníssono pelo público que o acompanha.

Com êxitos como “Nada de Nada”, “Mentira” e “Não Há”, esta última premiada com dois Globos de Ouro, João Pedro Pais ganhou destaque na cena musical portuguesa garantindo, ao longo da sua carreira, uma relação muito especial com o público que tem retribuído sempre com concertos completamente esgotados em todo o país.

Recentemente, lançou o disco “Amor Urbano” e comemorou 25 anos de carreira no Coliseu Porto AGEAS e no Coliseu dos Recreios em Lisboa.

Laurent Filipe – Ode to Chet – 2022 Tour Portugal

ODE TO CHET – O PROJETO

“Conheci Chet Baker. Era um homem de poucas palavras.Cada vez mais virado para si mesmo, Chet parecia estar permanentemente à escuta de um som interior. À semelhança dos grandes artistas, toda a sua preocupação, e daí a sua arte, consistiu em transmitir cá para fora esse mesmo “som interior”. Quer fosse tocando, quer fosse cantando (a diferença é a mesma), ao dar voz a esse “som”, Chet reinventou as canções de Jazz (“standards”), envolvendo-as de um lirismo soprado, sofrido, e ao mesmo tempo cheio de beleza.”
Laurent Filipe

Eis o que diz, a propósito do CD « Ode to Chet » Artt Frank, baterista de Chet Baker durante mais de vinte anos :

… « quis escrever-te para te felicitar pela tua excelente homenagem ao Chet. A tua forma de tocar e de cantar são mesmo muito boas e sinto que soubeste captar a essência do Chet. E eu, mais do que ninguem, conhecia o Chet !! Excelente trabalho Laurent ! » (Artt Frank)

Lina_Camões

Chancela de Manifesto Interesse Cultural atribuída pelo Ministério da Cultura.

A multipremiada fadista LINA_ está de regresso com um novo e extraordinário trabalho editado mundialmente pela editora alemã Galileo Music em janeiro 2024. O título deste trabalho é LINA_ Fado Camões e tem sido aclamado pela crítica nacional e internacional, tendo atingido o nr #1 dos prestigiados tops europeus de World Music – World Music Charts Europe (Março), Transglobal World Music Charts Worldwide (Abril) e ainda “top of the world tracks” da revista britânica Songlines Magazine

Uma voz expressiva inconfundível. Uma música espaçosa assente no fado. Um trabalho de composição singular à volta da poesia de Camões. Eis “Fado Camões”, o novo álbum de LINA_ editado mundialmente a 19 de janeiro, pela editora alemã Galileo Music, depois de há três anos ter surpreendido o mundo ao lado do produtor e músico espanhol Raül Refree, num álbum com vista para Amália, celebrado nos palcos do globo. 

LINA_ regressa agora na companhia do produtor e músico britânico Justin Adams, naquele que acaba por ser um álbum mais pessoal, tendo como base a lírica de Camões, a composição de fados tradicionais e também da autoria da própria cantora. Segundo ela a ideia começou a tomar forma depois de se debruçar sobre a vida de Amália e de ter percebido que o poeta de que mais gostava era Camões. “Fiquei curiosa, quis conhecer mais, para além dos ‘Lusíadas’ ou dos ‘Sonetos’, e fui descobrindo que as temáticas de Camões – a mudança, a infância, o amor, o desamor ou a descrição da natureza – se podiam adaptar ao fado e às suas métricas.”   

Um encontro entre cantora e poeta que, um outro poeta e ensaísta, Nuno Júdice, descreve assim: “ 

Para cantar um poema perfeito, só uma voz perfeita. A forma como se conciliam fazem-nos ouvir, para lá dos tempos, dos instrumentos e das palavras o canto da própria poesia. É esse milagre que temos na voz de LINA_ e na recriação musical que encontramos nestas canções. Mais do que o fado, mais do que uma identidade portuguesa, é o regresso a esse espírito ibérico que caracterizou Portugal até ao século XVII que agora vemos renascer, com a pureza sem preconceitos de uma interpretação em que o português e o galego se unem em total harmonia, como na origem galaico-portuguesa das duas línguas, hoje autónomas.” 

Existem justificadas expectativas sobre este novo trabalho, depois dos reconhecimentos do anterior registo – álbum do ano para a World Music Chart de 2020 ou Prémio Carlos do Carmo 2021, entre muitos outros – abrindo-se agora um novo capítulo ao lado de Justin Adams, músico, compositor e produtor, conhecido por produções para Robert Plant, Rachid Taha, Tinariwen, Jah Wooble ou Souad Massi, ou pelas colaborações com nomes distintos como Brian Eno ou Sinead O’ Connor. Numa frase: alguém que sempre esteve comprometido com essa ideia de misturar o tradicional com elementos contemporâneos. Tendo crescido no Egipto, promoveu o encontro dos blues com as dinâmicas tradicionais da música do Magrebe, sendo agora essas influências transportadas para o trabalho com LINA_ 

Não surpreende que a voz e os acordes da guitarra portuguesa, que nos remetem para o fado, coabitem com um certo balanço e clima africanizado, como em “Quando vos veria”, ou “In labirinto”, com a presença subtil da percussão por entre a voz, ou no lado solto de “Desencontro”, enquanto em “O que temo e o que desejo”, um dueto com o Asturiano agitador folklórico Rodrigo Cuevas, é um insinuante ritmo latino que se encontra com os acordes do fado. 

É, ao mesmo tempo, uma nova e uma familiar LINA_ que entrevemos no novo trabalho. A elegância despojada do passado recente, ainda está lá, mas agora existe uma nova espacialidade, onde a voz sobressai por entre piano, guitarra e quase silêncio, criando outros cenários, com a dor, justeza e dignidade, a par, como em “Desamor” ou “Senhora minha”. Em “Amor é um fogo que se arde sem se ver”, a voz de LINA_ suspende-se, numa atmosfera quase próxima do silêncio, apenas alguns acordes de guitarra e uma névoa digital como suporte, enquanto em “Pois meus olhos não cansam de chorar”, são integrados ruídos concretos por entre notas de piano, com a poesia de Camões a revelar-se em cenários de melancolia, mas também de celebração. 

Em estúdio estiveram Pedro Viana,na guitarra portuguesa ,o inglês John Bagott, que já operou com os Massive Attack, Portishead ou Robert Plant, em piano e teclas, e Ianina Khmelik, em dois temas, no violino. 

“O Raul e o Justin têm essa curiosidade em descobrir ligações entre o tradicional e o contemporâneo, mas desta vez o processo foi diferente”, reflete Lina. “Neste caso fui eu que fiz em casa as ‘demos’ e idealizei os ambientes de cada música, surgindo depois os arranjos e os processos de produção. Foi árduo. Daí ser um disco assinado apenas por mim. Em relação ao anterior, este é mais debruçado na língua, na escrita, na poesia e na estrutura dos poemas do Camões que se podem unir ao fado. O outro tinha mais a ver com a música, o som, as texturas.” 

Uma obra mais pessoalizada, o que não significa, obviamente, um leque de colaborações menos importantes, como aconteceu com Amélia Muge, que para além de ser autora da música e letra da canção “Senhora minha”, constituiu uma voz importante na adaptação das letras. “Nada se faz sozinha”, diz LINA_. “A Amélia foi muito especial. O meu ombro neste caminho. As suas opiniões foram fundamentais. Aprendi imenso com ela.” 

Na digressão que terá início em janeiro, LINA_estará em voz, sintetizadores e percussão, Pedro Viana, em guitarra portuguesa, Ianina Khmelik, em violino, piano acústico e sintetizadores, prevendo-se que John Baggott também venha a estar presente em algumas datas. O que não invalida que LINA_ continue a actuar assiduamente no Clube de Fado, em Lisboa, onde é residente: “É um treino vocal e emocional”, como ela diz, para se alcançar resultados como os de “Fado Camões”, onde a sua expressão vocal, e a música, renovam o fado, e a alma de quem a ouve.  

 

 

LINA_ & JULES MAXWELL

Disco a editar em maio 2025 pela  Atlantic Curve (editora inglesa do grupo Shubert Music Publishing)

De cruzamentos e encontros resultam coisas novas, caminhos inusitados, sobretudo quando se trata de artistas abertos à colaboração e ao estímulo alheio. E são esses, certamente, os casos de Lina_ e Jules Maxwell. A artista portuguesa que tem obtido uma séria atenção internacional – traduzida em inúmeros concertos, prémios e elogios da imprensa global – quer pelo trabalho que desenvolveu com Raül Refree um álbum de homenagem a Amália Rodrigues, quer agora com o premiadíssimo  ”Fado Camões”, produzido por Justin Adams e com a participação de John Baggott (Massive Atack e Portishead), num distinto universo sonoro que deu ao fado um novo fôlego.
De igual maneira, Jules Maxwell tem sido protagonista de aplaudidos projectos que resultam de criativos encontros: com a cantora Lisa Gerrard, que o mundo conhece como a alma dos Dead Can Dance, ou com o aclamado projecto internacional Le Mystère de Voix Bulgares, por exemplo. O produtor e compositor irlandês tem trabalhado em vários domínios, da folk e da electrónica, à ópera e às bandas sonoras, sempre com enorme reconhecimento. Agora depois de ”Burn“ o álbum conceptual que juntou Lisa Gerrard e Jules Maxwell, o trabalho é retomado com Lina_ e Jules, o novo capítulo da sua carreira passa por um encontro com a fadista portuguesa Lina_.
Jules e Lina_ reuniram-se num lugar mágico, a espantosa Abadia de Malmesbury, construção do século XII situada em Wiltshire, Inglaterra, numa residência artística em que criaram novo material em conjunto, canções que exploram as invisíveis ligações entre o fado e a música da Irlanda, dois bons exemplos de uma tradução musical do lado mais melancólico da alma de dois povos. Este material inédito dará azo a um novo trabalho discográfico, mas também a um concerto em que essas ligações serão levadas mais longe, beneficiando da visão cinemática e ambiental de Jules Maxwell e da voz transparente e sublime de Lina_.

LINA_ & Marco Mezquida

LINA_ e Marco Mezquida estão felizes e entusiasmados por anunciar o lançamento de O Fado, a sua aventura musical, o resultado de um diálogo intenso, criativo e apaixonado. Numa colaboração entre a UGURU e Julio Quintas – Management & booking, o EP será distribuído de forma digital, mundialmente, pela Galileo Music.

LINA_ & Marco Mezquida entregam um EP cujo título não deixa margem para dúvidas, mas que oferece um novo e distinto enquadramento para esta música que é património imaterial do universo.

“O Marco”, explica-nos LINA_, “trouxe uma grande leveza à minha música. O piano é um instrumento muito completo, com o qual sempre tive um contacto muito próximo, mas com o Marco há algo diferente. É como se o piano fosse uma extensão do corpo dele. E a forma como ele o aborda faz-me flutuar.” A voz de LINA_, que tem sido alvo de muitos elogios na imprensa nacional e internacional, é de facto um instrumento rico por si só, que ganha com estes diálogos próximos com outros instrumentos de personalidades vincadas. E que, como bem sabe quem já a viu e ouviu em palco, gosta de voar.

O encontro entre LINA_ e o pianista espanhol Marco Mezquida foi natural, resultado de uma profunda admiração mútua. Ambos os artistas entendem que estes encontros dão origem a algo que supera a soma das partes, algo que, em modo solitário, nenhum seria capaz de alcançar.

A paixão que Mezquida admite sentir pela voz de LINA_ é retribuída pela fadista, que não poupa elogios ao lirismo que o seu companheiro expõe de forma tão clara nesta nova aventura.

O Fado é um EP em que LINA_ mostra também os seus dotes de compositora: no tema que dá título ao disco, baseado num poema de Florbela Espanca que a própria fadista musicou, percebe-se a devoção que LINA_ tem ao género que a consagrou, mas também se vê que a sua imaginação consegue ir longe, não se deixando prender por dogmas.
Neste trabalho discográfico, os artistas apresentam uma nova abordagem aos clássicos “Fado da Defesa” (que Maria Teresa de Noronha gravou sem utilizar o poema integral de António Calém, que aqui ganhou um novo espaço) e “Gota d’Água” de Flávio Gil. LINA_ aborda o universo da língua castelhana em “El Rosario de Mi Madre”, tema eternizado por Maria Dolores Pradera, lendária cantora espanhola, e no qual LINA_ adivinhou ligações ao fado, talvez porque a melancolia poética expressa no tema é, afinal, universal.
“É um repertório muito orgânico e fluido”, sugere Marco Mezquida, em sintonia com a própria LINA_, que garante que o lugar que se constrói neste novo disco é exatamente aquele em que a sua voz quer habitar neste momento.

O Fado é um projeto que levará LINA_ e Marco Mezquida ao encontro do público internacional em 2025, numa digressão conjunta que os fãs de ambos os artistas aguardam com natural expectativa.

O EP foi lançado a 14 de março e é distribuído de forma digital, mundialmente, pela Galileo Music. Esta é uma colaboração entre a UGURU e Julio Quintas – Management & booking.

Luiz Caracol

Colaborador nato que parece viver para encontros com outros artistas, sobretudo em palco, Luiz Caracol é um multi-facetado artista que compõe, escreve e interpreta de forma muito própria. Caracol descreve-se como o resultado desses encontros com gente da África lusófona, do Brasil e de Portugal, pois claro. “O Zeca, o Fausto, o David Zé, o Ruy Mingas, o Caetano ou Gil ocupam espaços idênticos na minha formação artística”, explica. “A minha música”, conclui depois, “vive muito da ideia de mistura”. Com trabalhos lançados já em nome próprio, Luiz Caracol chegou a 2023 com vontade de olhar para o percurso já feito e pensar no que o futuro lhe poderia trazer. E na grande sala do mítico estúdio lisboeta Namouche – por onde ao longo das décadas passaram incontáveis músicos que ajudaram a escrever a nossa história – gravou ao vivo um conjunto de canções que marcam o seu percurso, do “Samba do Bairro” a “O Mundo” ou “Em Marcha”, temas que integravam “Devagar”, a sua estreia em nome próprio de 2013, ou ainda “Metade”, “Não Quero”, “Tou Farto” e “Falhou na Dança”, canções de “Metade e Meia”, disco de 2017. Com arranjos novos, mas as palavras de sempre, e directamente inspirado pelos clássicos concertos da MTV Unplugged que o marcaram no início do seu percurso musical, este “Ao Vivo no Namouche” rendeu um disco e um espectáculo que foi transmitido pela RTP, vincando a qualidade de escrita e de interpretação que Luiz Caracol sempre depositou na sua música. Agora, num trio com Gus Liberdade e Pedro Carvalho – “todos multi- instrumentistas”, essas canções e algumas novidades mais dão corpo a um espectáculo que é uma vénia à multicultural vibração de Lisboa, cheio de histórias, melodias memoráveis e de uma fluidez que sobrevoa o Atlântico de forma quase mágica.

Manuel Fúria

 

Manuel Fúria está em 2024 como sempre esteve na música: inquieto e apaixonado, disposto ao risco e à novidade, intransigente no que toca à sua arte que vem, como sempre veio, já agora, de um sítio fundo dentro de si. O homem que ajudou a música portuguesa a experimentar novos rumos com a editora Amor Fúria, que liderou os Golpes e salvou Os Náufragos reinventou-se em 2022 com o pessoalíssimo e introspectivamente dançante “Os Perdedores”, um dos registos mais transparentes, desarmantes e honestos que a pop portuguesa gerou em muito tempo. “Um disco que não presta contas a nada nem a ninguém”, garante.

 

Esse trabalho, que mereceu intimistas e muito aplaudidas apresentações em Lisboa, Porto e Angra do Heroísmo, foi decisivo para Fúria se reencontrar. “Fechei as minhas contas nas redes sociais, desapareci e depois fiz esse espectáculo, mais pessoal e arriscado, e as pessoas parecem ter recebido bem essa música”. Manuel Fúria refere estar agora comprometido em dizer o que realmente considera ser importante e em usar a música de dança como uma fonte de soluções para dar brilho a essas ideias e palavras que sente como urgentes. James Murphy ou Mark Kozelek são modelos que ele mesmo aponta, inspirações que servem de estímulo ao que está a fazer e que quer apresentar no novo registo ainda em 2024. Em palco será ladeado por João Eleutério, uma novidade para quem sempre sonhou com bandas e com dinâmicas mais colectivas. Máquinas, ritmos, melodias e palavras que tanto fazem dançar, como pensar, é o que aí vem, portanto.

 

“Agora estou a fazer música de maneira diferente”, explica. “A mudança aconteceu n’Os Perdedores e não há volta a dar”. Ou seja, como sempre aconteceu, Manuel Fúria continua a ser um artista do “ou tudo ou tudo”. O “nada” nunca interessou. E continua a não interessar.

Canções de Amor em Abril


Não há nada mais revolucionário que o AMOR: ele traz felicidade, alegria, entusiasmo e doce transgressão. Ele é um cravo multipétalo, da cor da carne que se oferece ao outro. É um gesto de dádiva, de desapossamento: cria a semente da união, a união entre dois seres. É o primeiro dos movimentos coletivos.

Traz consigo mudanças e, claro, ânsias, receios, segredos e medos. Por vezes dói: o AMOR é um sentimento tão total e tão avassalador que nada fica nunca mais na mesma dentro de nós. É tão precioso e tão poderoso que, quando se perde, dói perdê-lo. Mas é transformador, faz-nos crescer. O triunfo do AMOR é riqueza tamanha que não pode ser reduzida a palavras comezinhas: mesmo quando morre, tem de ser grandioso.

Cabe aos poetas encontrar palavras para o silêncio, e à música ser o corpo que vibra e fala, apaixonadamente, com mãos e lábios que cantam, mordem e gritam as suas palavras de desordem. A nossa revolução começa com uma canção de AMOR: E Depois do Adeus. Fomos à procura das canções e dos poemas que lhe pudessem dar as mãos e formar essa grande roda de amor de que o mundo tanto precisa: AMOR entre pessoas, entre familiares, entre amigos, entre gentes, entre povos, entre a humanidade e a natureza.

Este é um espetáculo militante do AMOR, que se quer belo e progressista, num inesgotável Abril em flor. É preciso a(r)mar as armas do AMOR.
Maria João

Maria João_Abundância

Edição Galileu prevista para 28 fevereiro 2025

Maria João é um tesouro vivo, uma artista reconhecida e aplaudida globalmente que, no entanto, nunca deixou de se mostrar irrequieta de um ponto de vista criativo, mostrando-se permanentemente disposta a arriscar novas aventuras, a buscar novas soluções, a apresentar novos projectos. O futuro é sempre o melhor lugar, acredita a cantora que ao longo das décadas foi voz activa em diversas e frutuosas parcerias, de Mário Laginha e Carlos Bica a Aki Takase.  

 Agora, fazendo eco da sua ascendência, Maria João volta a voar entre Lisboa e Maputo para a criação, na companhia de João Farinha e André Nascimento, aliados do projecto OGRE (com quem gravou vários álbuns desde 2012, incluindo o recente e muito aplaudido “Songs For Shakespeare”, de 2022), um novo álbum que cruza a sua original voz com planantes e evocativas texturas electrónicas. 

 Com a colaboração de novos e recorrentes músicos – dos bateristas Silvan Strauss e Texito Langa ao guitarrista Valter Mabas ou ao percussionista Cheny Wa Gune, responsável pelas quentes colorações da timbila, o novo trabalho de Maria João enfatiza ainda o poder comunal das vozes através do coro TP50 em que harmonizam Xixel Langa, Xizimba, Leticia Deozina, Nadya Cosmo e Onésia Muholove. As lendas de Moçambique Mucavele e Stewart Sukuma também juntam as suas vozes à da cantora portuguesa. 

  Coube ao músico e produtor português Luís Fernandes, um reconhecido artista na área das vanguardas electrónicas, o papel de assinar a produção de um trabalho que implicou viagens entre Portugal e Moçambique e pontes musicais entre o passado e o futuro, o jazz e a world music, o ritmo e a melodia. 

Em 10 novos temas, incluindo o single “Ao Sol”, este novo registo de Maria João apresenta uma original visão musical em que a sua voz singular e apaixonante ocupa o centro, afirmando-se uma vez mais como uma inigualável força expressiva, capaz das mais fundas emoções. “Esperança”, “African Foxtrot”, “O Amor é Verdadeiro”, “Beatriz”, “Dário”, “As Tuas Tranças”, tema em que participa Mucavele, que também assina a música, “Papalaty”, de Sukuma, “Dia” e “Praia” completam o alinhamento de um trabalho que é uma prova de vda, de engenho e de arte de uma das mais desafiantes e marcantes vozes da actualidade.