Maria Mendes – Edição prevista para último trimestre de 2025 e 1º trimestre de 2026
O ponto central desta nova musica autoral é a celebração da Mulher moderna e a força feminina em poemas criteriosamente selecionados de poetisas Portuguesas (Maria Teresa Horta, Natália Correia), Americanas (Maya Angelou), Brasileiras (Lorena Arcanjo, Ivone Boechat), Espanholas, Holandesas e Árabes. Como habitual nos seus discos, a cantora surpreenderá também em incursões criativas na revisitação de temas de compositoras mulheres que abraçam este conceito em outras estéticas musicais, como por exemplo, as canções Pop dos anos 90 “Bitch” de Meredith Brooks e “Woman” de Neneh Cherry.
Esta é a sua ode às mulheres e à resiliência. Um álbum culturalmente proeminente que nunca cessará em emoção, beleza, e propósitos musicais e sociais.
Prepare-se para embarcar numa odisseia sonora multi-textural, potente em força feminina encabeçada por uma mente e voz criativa desafiante na categorização do género musical. Juntam-se em palco, o pianista francês, Cédric Hanriot (colaborador de Herbie Hancock e Dianne Reeves), o baixista Holandês Jasper Somsen e o célebre baterista de Jazz Português Mário Costa.
Reconhecida com 4 GRAMMYs pelo seu fervor criativo e singular em casar o Jazz com o Fado, e elogiada internacionalmente pela sua voz feiticeira capaz em emoções e virtuosismo surpreendentes, a cantora-autora Maria Mendes explora neste novo disco, o poder da palavra cantada e declamada de poetas mulheres dos últimos 100 anos, através das possibilidades modernas ilimitadas em entrelaçar os sons eletrônicos com sons acústicos do seu quarteto.
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Maria Mendes – tour 2024-2025
Maria Mendes foi a primeira artista feminina Portuguesa a receber uma nomeação para o Grammy Americano bem como a primeira a vencer o prémio mais importante de Musica Holandês, o EDISON.
Foi nomeada duas vezes para os Grammy americanos e outrras duas para os Grammy Latinos.
Saudade Colour of Love é o quarto trabalho discográfico em que a cantora explora o Jazz no Fado em temas de sua autoria bem como em arranjos musicais fascinantes dos fados e canções tradicionais portuguesas como o “Quando Eu Era Pequenina” e o “Verdes Anos” do Carlos Paredes. Este disco conta também com uma surpreendente contribuição do Hermeto Pascoal que dedicou uma canção à cantora – a sua versão de um Fado. O álbum encabeçou a lista de melhores discos de jazz 2022 em cinco das principais revistas de jazz internacionais – a prestigiante americana DOWNBEAT e Jazziz; a inglesa JAZZWISE; a alemã JAZZTHING e a holandesa JAZZISM.
Ouvir Maria Mendes e a sua banda ao vivo é presenciar algo de mágico numa ligação pessoal aprimorada com o publico, como se de um encantamento se tratasse! É a emoção, a liberdade criativa e o propósito musical desta música e músicos que definem a força motriz deste encantamento. Prepare-se para embarcar numa odisseia sonora guiada por Mendes e a sua banda que não poupa esforços para desafiar categorizações de género!
Nancy Vieira_Gente
A voz de Nancy Vieira já se fez ouvir em praticamente todos os continentes e em cada recanto do mundo em que tal aconteceu uma coisa sucedeu invariavelmente: as pessoas quedam-se em reverente silêncio de cada vez que a sua voz límpida e directa nos fala das histórias, dos sonhos e anseios, das dores e alegrias das gentes das ilhas de Cabo Verde. É que na voz de Nancy cabem um país e o mundo que a diáspora foi abrindo.
GENTE, o seu novo álbum, sucede a Manhã Florida, trabalho que já data de 2018, e traduz uma assinalável ambição artística. Desde logo porque se trata de uma obra concebida com vagar, pensada, discutida e meticulosamente planeada. E o título, na verdade, já revela tudo o que importa saber: trata-se de um trabalho de encontros, de histórias, de ideias, de balanços, mas, sobretudo, de pessoas.
Com produção repartida entre Amélia Muge, A, José Martins e a própria Nancy Vieira, GENTE foi gravado em Lisboa entre o histórico estúdio Namouche e o CervantesEstúdio de Jorge Cervantes, músico peruano que toca no álbum além de assegurar alguns dos arranjos. Esse mundo que Nancy Vieira tão bem conhece por já lhe ter percorrido os palcos entra também neste álbum: Lisboa, cidade em que Nancy estudou e há muito reside, marca farta presença – é afinal de conta a base de trabalho da equipa de produtores e de vários dos músicos, como o percussionista Iuri Oliveira, sofisticada força motriz de tanta grande música que tem sido lançada nos últimos anos entre nós; Mário Lúcio e Vaiss Dias são tesouros vivos da música de Cabo Verde que aqui tocam instrumentos de cordas, incluindo o baixo; do País Basco chega Olmo Marin, que também é mestre em cordofones; do Brasil são o acordeonista Luciano Maia e Gustavo Nunes; e da Ucrânia veio o violinista Denys Stetsenko. Um mundo de muita GENTE, de facto.
A música que se escuta em GENTE tem também autorias vincadas: o conceituado Mário Lúcio assina quatro temas, mas há canções nascidas das penas de Remna Schwarz, de Luís Firmino dos Acácia Maior, do grande e histórico B.Leza, de Ano Nobo, José M. Neves e Kaku Alves, de Adalberto S. Betú. Alexandre Lenos com Fred Martins, Luís Lima e Vaiss, Teofilo Chantre e, claro, Amélia Muge. Ou seja, temas que vêm da funda tradição e da memória feita em Cabo Verde, mas que também surgem de cabeças de gentes de outras gerações e países e que são firmadas por uma nova geração que projecta já no futuro a alma destas ilhas.
Os arranjos, carregados de subtilezas, ricos de balanços e harmonias, traduzem visões de Jorge Cervantes, dos Acácia Maior de Luís Firmino e Henrique Silva, nomes fundamentais da nova geração de Cabo Verde, dos lisboetas Fogo Fogo que têm erguido bem alto a bandeira do novo funaná ou do experiente Mário Lúcio. E há também outros convidados que espelham essa multiplicidade de experiências e de cruzamentos na vida de Nancy: António Zambujo que junta a sua voz à de Nancy no belíssimo “Fado Criolo”, tema em que também se escutam a cadência falada de Chullage e a guitarra acústica de Fred Martins, ou Miroca Paris que pinta com percussões “Dia Funçon”.
São muitas as gentes deste GENTE, um álbum que evita o caminho fácil dos toques de “modernidade” dados por via tecnológica e que prefere no seu aparente tradicionalismo formal promover a magia particular que só acontece quando pessoas de diferentes caminhos da vida se encontram num mesmo espaço para partilharem, tocarem e cantarem as suas diferentes histórias. Há muito de Cabo Verde neste disco, ou não tivesse Nancy tantas vezes sido apontada como herdeira de Cesária Évora, uma das suas mais fortes musas. Mas, em GENTE encontra-se também aquele mundo que só existe nas ruas de Lisboa e onde se escutam as nuances do Brasil, ecos de tantas outras Áfricas e de muitas Europas e Américas. Há morna e samba, fado e batuque, sofisticação com tons de jazz e aventura de espírito pop. Há GENTE. Há vida. Este é um álbum feito agora a pensar no amanhã. Ontem só importa porque foi o que nos trouxe a todos aqui. A este disco e a esta música.
nancy Vieira & Fred Martins
Nancy Vieira e Fred Martins apresentam Esperança, o novo espetáculo baseado no disco com o mesmo título lançado pelo editora japonesa Respect Record, e que chegou o nº1 no World Music Chart da Amazon (Japão).
Desde 2013, ano em que se conheceram, que a cantora cabo-verdiana Nancy Vieira e o compositor e violonista brasileiro Fred Martins possuem uma cumplicidade ímpar, explanada neste trabalho. Gravado por Jorge Cervantes – que tem uma participação especial na canção “Saiko Dayo” – no CervanteStudio, em Lisboa, a obra apresenta maioritariamente as vozes de Nancy, juntamente com a guitarra e as vozes de Fred. Esperança, que inicia com “Não Sou Daqui” – a dupla reinterpretou o tema da autoria da cantora, compositora e instrumentista Amélia Muge – brinda-nos com o melhor da morna e da bossa nova, numa mistura evocativa da música de Cabo Verde e do Brasil. Com o amor e a paz como fios condutores, o disco possui originais e canções tradicionais de Cabo Verde, terminando com o bolero cubano “Tú Me Acostumbraste”.
Sobre este disco, os artistas referem:
“Escolhemos as músicas com o coração atento ao que está acontecendo em nosso mundo, em nosso tempo. Muito poder em poucas mãos, imensa desigualdade, muita vida sendo desperdiçada em vão. Portanto, gostaríamos de lembrar com estas músicas, que a compaixão, a empatia, um senso coletivo de vida, solidariedade e respeito, podem existir neste mundo, pois na base de tudo está o amor. Essas são canções de colegas e amigos que compartilham o mesmo espaço espiritual, uma atitude de busca de crescimento. São versos que vibram para o bem de cada um e também para o bem comum.”, afirmam.
Juntos, vão apresentar este novo álbum ao vivo num espetáculo em que se pode esperar música de qualidade extrema, de sinceridade total, capaz de agarrar corpos e corações, executada por dois artistas que são tão genuínos quanto universais. Não podia ser melhor.
Os poetas -o homem
É natural que a voz de Mário Cesariny nos toque de forma intensa. O poeta ressoava como ninguém, dando às palavras a sua voz funda, plena de humanidade, de desencanto, quando tinha de ser, e de estranheza também, ele que escrevia como pintava, sempre em busca do mistério que nem nas entrelinhas se desvendava.
Os Poetas – Rodrigo Leão e Gabriel Gomes, que aqui contam ainda com a voz de Miguel Borges e com o fantasma de Cesariny que vive eterno nas gravações – reencontram neste projecto essa poesia sempre nova do homem surreal que escreveu como pintou e que pintou como escreveu.
Neste centenário do nascimento do poeta pintor, Gabriel Gomes no acordeão e Rodrigo Leão nos sintetizadores pintam também eles novos quadros sonoros para as palavras de Mário Cesariny, numa vénia que é agitação, que é demanda de novos sentidos porque a língua continua a desenrolar-se, a moldar-nos. O Homem em Eclipse é portanto uma celebração, com a matéria poética de Cesariny no centro, e a música e a voz de Miguel Borges a tomarem essa matéria como ponto de partida para uma fascinante viagem. Uma viagem para que os ouvintes são também convocados e onde todos podemos tentar encontrar-nos. Talvez nos intervalos daqueles sentidos que permanecem.
Sétima legião
A Sétima Legião vai regressar aos palcos, 40 anos depois do arranque da sua particular história que é, justamente, uma das mais celebradas do pop rock nacional. Estes espetáculos servem também para homenagear Ricardo Camacho, produtor e teclista do grupo desaparecido em 2018.
Neste regresso, a Sétima Legião de Pedro Oliveira (voz e guitarra), Rodrigo Leão (baixo e teclas), Nuno Cruz (bateria, percussão), Gabriel Gomes (acordeão), Paulo Tato Marinho (gaita de foles, flautas), Paulo Abelho (percussão, samplers) e Francisco Menezes (letras, coros) acolhe também João Eleutério, experimentado músico que tem corrido mundo como parte da banda de Rodrigo Leão e que agora assegurará os teclados.
Foi em 1982 que a Sétima Legião surgiu no então agitadíssimo panorama musical português, apresentando uma visão singular da música sintonizada com as experiências mais avançadas da pop alternativa da época, mas sem esquecer a identidade portuguesa. A banda deixou uma marca vincada na produção musical nacional dos anos 80 e 90. Com estes concertos de aniversário, a Sétima legião pretende revisitar os seus mais aplaudidos clássicos e dar nova vida a temas como «Sete Mares» ou «Por Quem Não Esqueci», sucessos de grande impacto que ainda hoje têm lugar garantido na programação de muitas rádios. De assinalar que da Sétima Legião saíram músicos que se envolveram em projetos ímpares da música portuguesa como os Madredeus, Gaiteiros de Lisboa ou Cindy Kat, prova de que aí se ensaiaram importantes ideias que geraram fértil descendência.
Rodrigo Leão – Piano Para piano
Piano Para Piano – O Projeto
Rodrigo Leão O Mundo – 2023 Tour Portugal
O MUNDO – O PROJETO
Uma escolha pessoal de Rodrigo Leão sobre um conjunto de temas do seu repertório de carreira e da constituição do grupo musical necessário à sua execução, tendo sempre em atenção as características de cada e evento.
Este é um espetáculo que contempla várias formações musicais, consoante o espaço em que se apresenta e o repertório escolhido pelo artista. Mais informações abaixo em “Detalhes da Digressão”
Foi em 1993 que Rodrigo, então ainda parte integrante dos Madredeus, editou o seu primeiro trabalho em nome próprio: Ave Mundi Luminar explorava recantos criativos que não cabiam nos seus projetos anteriores. O disco tornou-se num sucesso inesperado e o resto, como se costuma dizer, é história.
No quarto de século que decorreu desde Ave Mundi Luminar, Rodrigo tornou-se num dos mais queridos de todos os artistas portugueses, e não apenas entre nós! A par dos álbuns que chegaram ao 1º lugar das tabelas de vendas em Portugal, várias gravações suas viram edição internacional em marcas tão prestigiadas como a Deutsche Grammophon ou a Sony Classical.
Explorando sem medos as múltiplas possibilidades da composição, entre o popular e o erudito, o eletrónico e o orquestral, o nome de Rodrigo Leão é citado ao lado de referências da música contemporânea como Ryuichi Sakamoto, Ludovico Einaudi ou Jóhann Jóhansson. Escreveu bandas-sonoras para filmes tão diferentes como a comédia de sucesso A Gaiola Dourada, o drama nomeado para os Óscares O Mordomo, a série televisiva Portugal – Um Retrato Social ou o documentário sobre os anos 1960 No Intenso Agora. E, nas suas canções, colaborou com artistas como Beth Gibbons dos Portishead, Neil Hannon dos Divine Comedy, Scott Matthew, Rui Reininho dos GNR, Stuart Staples dos Tindersticks, Lula Pena Michelle Gurevich, Martírio ou Kurt Wagner, dos Lambchop, só para citar alguns.
Estes trinta anos de vasto reportório estão agora disponíveis num espetáculo singular que vai variando consoante a escolha das canções feita por parte de Rodrigo leão
Rodrigo Leão Os Portugueses – O Rapaz da Montanha
Rodrigo Leão – Os Portugueses | O Rapaz da Montanha
O nome do compositor Rodrigo Leão há muito que é familiar. Primeiro em Portugal, com a banda Sétima Legião. Depois, integrando a formação de outro projecto inovador, os Madredeus, a sua arte atravessou fronteiras. Quando em 1993 surge o seu primeiro disco em nome próprio (Ave Mundi Luminar) percebeu-se desde logo que a sua música pertencia ao mundo, o que veio a confirmar-se ao longo de uma carreira que conta já com uma discografia considerável, que inclui também bandas sonoras e colaborações com nomes de vulto como Ryuichi Sakamoto, Neil Hannon (Divine Comedy), Beth Gibbons (Portishead) ou Michelle Gurevich, para apenas citar alguns exemplos.
Agora, trinta e dois anos depois da estreia como músico a solo chega este O Rapaz da Montanha.E não há como evitar o adjectivo: o novo disco de Rodrigo Leão é surpreendente, quer em termos musicais quer até em termos de carreira do compositor. O próprio o reconhece: “ Foi um disco inesperado. Há três anos que o tinha na cabeça e fui construindo-o de forma muito focada, de uma maneira diferente da que aconteceu nos anteriores, em que a composição saía sem tempo ou intenção determinada. Aqui, a partir daquela frase da Ana Carolina [Costa] ‘Se Deus perdoa a quem engana/quem é que perdoa a Deus ?’ [incluída no tema Cadeira Preta] comecei logo a pensar no que iria fazer. E agora que está acabado acho que é o disco mais português que fiz até hoje”. Esta noção de identidade é verdadeira: percorre mais intensamente vários discos do compositor e estão visíveis na compilação Os Portugueses (2018). E com efeito este novo disco pode caber nessa identidade que de um modo ou outro sempre esteve presente na obra de Leão.
Agora, em 2025, O Rapaz da Montanha apresenta de facto uma mudança de forma e substância. Musicalmente , a utilização de coros (em que o próprio compositor participa), que reforça um sentimento colectivo, e uma marcada percussão em alguns temas evoca desde logo alguns cantatautores portugueses da década de 1970, algo que Leão reconhece. A nível da lírica também se percebe uma mudança de abordagem: os sentimentos etéreos e melancólicos que tão bem estão representados na obra de Leão dão aqui lugar a uma linguagem mais directa, que dialoga com uma realidade dificil mas verdadeira. As palavras mostram homens “presos naquela engrenagem” (O Rapaz da Montanha), mulheres subjugadas e com vontade de libertação (Guarda-te), gente à procura de si mesma (Andava Eu, Estranho Imperfeito) , a dura faina no mar (Lobos do Mar) ou personagens que se debatem com a sua mortalidade e são reféns no mais terrível dos territórios – o país do “Se”, do que ficou por fazer (Madrugada). Como é hábito, Ana Carolina Costa é a autora da maioria das palavras, com as excepções de Gito Lima (Estranho Imperfeito), Francisco Menezes (Esperança) e João Pedro Diniz (Vento Sem Fim). No final o que fica é um apelo à acção, a um libertar das grilhetas dos dias, uma luta que vale a pena enfrentar mas que nunca prescinde do céu da esperança. “Lá em baixo não há nada/ mas há tanto p’ra fazer!”, canta-se em O Rapaz da Montanha.
O mundo da criação de Rodrigo Leão vive desde sempre intimamente ligado aos afectos, quer seja através da família ou dos amigos. Sem surpresas aparecem neste disco cúmplices novos e mais antigos, como Pedro Oliveira (amigo de infância, cantor da Sétima Legião, co-produtor do álbum com Leão e João Eleutério e interveniente como músico em vários temas e cantor em Esperança) ou um amigo e cúmplice de vários projectos (Sétima Legião, Madredeus e Os Poetas): o acordeonista Gabriel Gomes. Há lugar também para convidados como José Peixoto (guitarra clássica), Carlos Poeiras (acordeão), Francisco Palma(voz) ou o ilustrador Tiago Manuel, que sem esforço passam a cidadãos honorários da obra de Leão. A sua família próxima também colabora : para além da autora das palavras e sua mulher Ana Carolina Costa, os filhos Sofia, Rosa e António estão presentes ao longo do disco. Mesmo os músicos que Leão chamou para este disco reflectem anos de trabalho e cumplicidade:a cantora Ana Vieira – a voz principal do disco – ,Viviena Tupikova (violino), Bruno Silva (viola), Celina da Piedade (acordeão), Carlos Tony Gomes (violoncelo e autor dos arranjos de cordas), João Eleutério (guitarra, baixo e sintetizador), António Quintino (contrabaixo) e Frederico Gracias (bateria e percussão).
Seria errado dizer que O Rapaz da Montanha significa uma revolução no universo musical de Rodrigo Leão. É antes uma evolução consequente, que mesmo trazendo mudanças não abandona um milímetro da identidade musical do compositor. Com uma já longa e notável carreira, a inquietação e a curiosidade permanece viva em Rodrigo Leão. Este O Rapaz da Montanha é mais uma belíssima prova. Cabe-nos a nós ouvir e agradecer.
Sofia Leão
Sofia Leão descobre-se agora, a si mesma e ao mundo, com Mar. Sofia Leão tem 18 anos e contava apenas 13 quando gravou pela primeira vez com o seu pai, Rodrigo Leão. Participou em “Bailarina”, tema do álbum O Método em que se escutava também o Coro da Associação Musical dos Amigos das Crianças. Foi nessa instituição, a AMAC, que estudou piano clássico com a professora Sara Fernandes, tendo aí concluído o 8º grau desse instrumento. Esses estudos e o piano são algumas das ferramentas de que agora se socorreu neste Mar, mas não as únicas.
O processo de descoberta musical de Sofia começou há mais tempo, aos 10 anos, quando começou a usar o seu computador para registar as suas primeiras ideias. Mas, explica-nos a própria Sofia, só mais recentemente, aos 15 anos, é que essas primeiras ideias começaram a ganhar “pés e cabeça”. “Graças à preciosa ajuda de amigos de longa data que me acompanharam desde sempre, consegui reunir um cantinho no meu quarto com os materiais necessários para começar a explorar as ideias que soavam em mim. Apaixonei-me pela magia que as vozes, juntas, têm. É uma espécie de puzzle vocal feito por tentativa e erro, resultando em atmosferas, por vezes, improváveis”, explica.
O passo seguinte foi levar o que começou por criar em modo solitário no seu quarto para o estúdio. Com a ajuda de João Eleutério, músico, produtor “e também amigo” que partilha um estúdio com Rodrigo Leão, Sofia deu outro corpo a essas ideias a partir de finais de 2023. Esse trabalho revela-se agora. Como a própria Sofia. No tema “Não Me Conheço” Sofia coloca perguntas que são universais – “Onde é que o mar acaba? Onde é que o céu começa?” -, mas que ganham outra ressonância com a sua voz tranquila, quase sussurrada,
Nas canções que nos mostra agora, feitas de melodias transparentes e simples desenhadas ao piano, envoltas em cordas ou ambientes eletrónicos fugazes, elevadas por harmonias que cria com a sua voz, os tais puzzles vocais em que encaixa as peças que a sua imaginação lhe oferece, Sofia Leão descobre-se a si e ao mundo, faz-se ao Mar com a bravura de quem cria porque tem que ser. E mais um mistério nasce, feito de canções, palavras, vozes e melodias – matérias invisíveis que só a alma compreende.